Depois de ver a produção despencar a partir de 2015 por causa da crise econômica e cortar postos de trabalho, o setor paranaense do vestuário começa a dar sinal de retomada. Foi o segundo que mais gerou empregos no Estado, atrás apenas da indústria de bebidas e alimentos, nos primeiros quatro meses do ano.
O saldo entre admitidos (12.122) e demitidos (9.930) no primeiro quadrimestre foi de 2.192 vagas, de acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego.
“Este já é o melhor resultado para o 1º quadrimestre dos últimos três anos”, diz Suelen Glinski dos Santos, economista do Observatório do Trabalho da Secretaria Estadual de Justiça, Trabalho e Direitos Humanos. No mesmo período de 2016 o saldo era negativo em 6.585 postos e em 2015 em 1.452 postos.
Apucarana, com saldo de 334 vagas, Cianorte (193) e Maringá (137) foram as cidades que mais geraram empregos no setor no primeiro quadrimestre.
CIANORTE – Um dos maiores polos do vestuário do Paraná, a região de Cianorte ampliou em 8% a produção nesse ano. “É a primeira reação do setor desde 2015. Há um otimismo maior por parte das empresas, porque o consumidor voltou a comprar, com a queda dos juros e da inflação”, diz Wilson Becker, presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Cianorte (Sinveste).
Atualmente são cerca de 300 empresas de vestuário na região de Cianorte, que empregam cerca de 18 mil pessoas e produzem 2 milhões de peças por mês. Além do aumento da demanda, a concorrência com os importados diminuiu com o dólar mais alto e a tendência do varejo de trabalhar com estoques menores.
“Os importados levam até 90 dias para chegar. É uma logística complicada em tempo de crise, quando as empresas têm que ajustar os estoques em relação à imprevisibilidade da demanda rapidamente. Nas fábricas nacionais, uma peça leva em média 48 horas para ficar pronta, o que é uma vantagem”, afirma.
MERCADO INTERNO – Ao contrário de outros polos de produção no País, o setor de vestuário do Paraná depende principalmente do consumo interno e, por isso, foi mais afetado na crise. Nos últimos meses, porém, o mercado interno ganhou um impulso adicional com o dinheiro movimentado na economia a partir saques das contas inativas do FGTS.
“A maior parte da população vem usando esse recurso para pagar dívidas e fazer algumas compras de menor valor, que não comprometam o orçamento por muitos meses. É aí que o vestuário se encaixa” diz Julio Suzuki Júnior, diretor presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes).
Texto e foto: AE-PR
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