Crise do metanol completa um mês: 15 mortes confirmadas e alerta máximo para bebidas falsificadas

Autoridades intensificam combate à adulteração após 58 casos de intoxicação e mais de 600 notificações

A crise de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas falsificadas completa um mês com 58 casos confirmados e 15 mortes registradas. O surto, iniciado em setembro, expôs um esquema de adulteração que envolvia o uso de álcool combustível contaminado com metanol em bebidas destiladas clandestinas, principalmente no estado de São Paulo.

Investigação aponta falsificação como causa da contaminação

O alerta partiu do Ciatox de Campinas, que identificou padrões incomuns nos primeiros casos. Em menos de 30 dias, a investigação evoluiu até localizar postos de combustíveis no ABC paulista como origem do metanol adulterado. As bebidas contaminadas foram rastreadas até uma distribuidora clandestina na capital.

O metanol é altamente tóxico e pode causar cegueira, falência renal e morte, mesmo em pequenas quantidades. Segundo a Polícia Científica, o nível encontrado nas bebidas adulteradas era anormalmente alto e indicava adição intencional da substância.

Resposta rápida: protocolos, antídotos e tecnologia

Desde o início da crise, ações emergenciais foram colocadas em prática:

  • Hospitais de referência receberam etanol farmacêutico e fomepizol, antídotos usados no tratamento de intoxicação.
  • O Instituto de Criminalística adotou um novo protocolo de análise rápida para detectar bebidas suspeitas.
  • Pesquisadores da UFPE desenvolveram um “nariz eletrônico”, capaz de identificar metanol em uma gota de bebida usando inteligência artificial.

A atuação coordenada entre vigilância sanitária, polícia, universidades e centros toxicológicos permitiu redução do tempo de resposta e maior fiscalização nos pontos de venda.

Impacto no setor e reações políticas

Segundo a Abrasel, o setor de bares e restaurantes teve queda de 5% no consumo apenas em setembro. O caso ganhou força política, com a instalação de uma CPI na Câmara Municipal de São Paulo, marcada para iniciar os trabalhos nesta terça-feira (28).

Além disso, a Câmara dos Deputados pode votar nos próximos dias o PL 2307/07, que propõe tornar crime hediondo a adulteração de alimentos e bebidas.

Situação atual: mortes, investigações e medidas futuras

O último boletim do Ministério da Justiça e Segurança Pública confirma:

  • 58 casos confirmados
  • 15 mortes (9 em SP, 6 no PR e 6 em PE)
  • 50 casos seguem sob investigação
  • Mais 9 óbitos suspeitos aguardam confirmação

As investigações continuam, e autoridades reforçam o alerta: não consuma bebidas de procedência duvidosa, especialmente destilados vendidos a preços muito abaixo do mercado.


Fonte: Agência Brasil