Liderança feminina além do discurso: como mulheres no comando impulsionam mudanças reais

Executivas de diversos setores mostram como a presença feminina na alta gestão transforma empresas, estimula a inovação e redefine estratégias de negócios no Brasil.

A diversidade na liderança não é mais apenas um diferencial competitivo, mas uma necessidade estratégica. Empresas que apostam na equidade de gênero registram melhores resultados financeiros, ambientes mais saudáveis e maior inovação. Mas, na prática, quais mudanças acontecem quando mulheres assumem cargos de decisão?

De CEOs a diretoras financeiras e especialistas em RH, líderes femininas estão promovendo transformações profundas no mundo corporativo. Elas quebram barreiras, redefinem culturas organizacionais e mostram que a diversidade vai além de cumprir cotas. O impacto está na forma como equipes colaboram, nos benefícios oferecidos, na retenção de talentos e até nos modelos de negócios.

Confira como essas executivas estão moldando um novo cenário empresarial mais colaborativo, estratégico e centrado em resultados sustentáveis.

Gestão colaborativa fortalece operações

Aos 29 anos, Daniela Nery, CRO da FindUP, lidera uma transformação na cultura interna da empresa, promovendo maior colaboração entre os setores de Growth e Operação. Antes de sua gestão, esses departamentos trabalhavam de forma isolada, muitas vezes em conflito.

“A Operação e o time de Vendas viviam em um ringue de boxe. Trouxemos um modelo de trabalho conjunto, em que os times atuam alinhados desde o início, eliminando rivalidades e tornando os processos mais eficientes”, explica. Sob sua liderança, a FindUP expandiu seu market share em setores estratégicos, como o da saúde.

Diversidade como motor de inovação

Na fintech Franq, Daniela Martins, CHRO e CMO, observa que a diversidade na liderança impacta diretamente a inovação e a retenção de talentos. Ela destaca que a maternidade ainda é um grande obstáculo na ascensão profissional das mulheres, mas que a presença de referências femininas bem-sucedidas ajuda a mudar essa realidade.

“A sociedade precisa ser mais inclusiva. Quando empresas limitam o crescimento feminino, perdem a oportunidade de formar times diversos, que enxergam desafios de formas diferentes e criam soluções mais inovadoras”, afirma.

Ambientes mais inovadores e humanizados

Na Audaces, multinacional ítalo-brasileira do setor têxtil, 43% da diretoria executiva é composta por mulheres. Nayana Barcki Fernandes, diretora Financeira Global, destaca que a diversidade no comando gera impactos diretos na inovação e no engajamento dos funcionários.

“Uma liderança empática permite que diferentes perspectivas sejam consideradas, criando um ambiente mais colaborativo e inovador. Além disso, priorizamos o bem-estar dos funcionários, com benefícios que facilitam o equilíbrio entre vida profissional e pessoal”, pontua.

Diversidade impulsiona expansão internacional

Para Caroline Lenzi, CHRO da WTM, empresa especializada em importação e exportação de tecnologia, a diversidade deixou de ser apenas um discurso e passou a ser uma estratégia de negócios.

“Empresas inovadoras precisam de pluralidade para enxergar os desafios do mercado e entregar soluções eficazes. Na WTM, cerca de 40% das gerências são ocupadas por mulheres, chegando a mais de 80% nas áreas que lidam diretamente com os clientes”, destaca.

Flexibilidade e transparência para reter talentos

Gisele Schafhauser, CFO da Versi, fintech do setor imobiliário, começou como a primeira mulher contratada e hoje ocupa um dos principais cargos de liderança da empresa. Para ela, um ambiente transparente e flexível é essencial para a retenção de talentos.

“O mercado da construção civil ainda é predominantemente masculino, mas criamos um espaço onde as mulheres podem crescer sem precisar se impor constantemente. Aqui, a flexibilidade é real, sem olhares atravessados quando uma funcionária precisa ir ao médico, por exemplo”, ressalta.

Transformação na cultura corporativa

Julia Locks, COO da Guapeco, HRtech pioneira em benefícios pet, reforça que a presença feminina na liderança tem ampliado as políticas de benefícios no mercado. “Saúde feminina, suporte para mães e programas contra assédio são iniciativas que cresceram com a liderança de mulheres”, afirma.

Ela também destaca a importância de avaliar produtividade por entregas e não apenas por horas trabalhadas. “As mulheres líderes estão mais abertas para mudanças, como o trabalho flexível e benefícios voltados à saúde mental”, comenta.

Diversidade e educação financeira no mercado de criptoativos

No setor de criptoativos, Tássia Skolaude, CMO do Mercado Bitcoin, observa que a presença feminina tem ajudado a tornar o setor mais acessível.

“A independência financeira das mulheres é um divisor de águas na redução da violência doméstica. Empresas já entenderam que diversidade não é só um compromisso social, mas um fator real de inovação e performance”, reforça.

Gestão estratégica e impacto organizacional

Ana Paula Socha, diretora de RH da Zucchetti Brasil, implementou uma abordagem focada em competências e cultura organizacional. “O RH precisa estar presente no planejamento estratégico. Na Zucchetti, alinhamos os valores da empresa às ações de gestão de pessoas, garantindo um ambiente emocionalmente saudável para os colaboradores”, explica.

Diversidade como diferencial competitivo

Talita Matos, CEO da Singuê, consultoria de diversidade e inclusão, acredita que empresas estão começando a perceber a diversidade como um motor de inovação.

“Organizações que se adaptam para acolher diferentes perfis aumentam a retenção de talentos e criam soluções mais eficazes. Muitas ainda veem diversidade apenas como uma questão de compliance, mas ela impacta diretamente a criatividade e a assertividade nas decisões estratégicas”, finaliza.

O futuro da liderança feminina

As executivas destacadas mostram que a presença feminina na liderança não apenas promove equidade, mas também melhora resultados, fortalece culturas organizacionais e impulsiona a inovação. A transformação está acontecendo – e é irreversível.

E você, já percebeu o impacto da liderança feminina no seu ambiente de trabalho? Compartilhe sua experiência nos comentários!