
Monitoramento adequado e avanços tecnológicos podem reduzir deficiências evitáveis que impactam milhões de crianças no Brasil
No Brasil, cerca de 741 mil crianças entre 2 e 9 anos convivem com algum tipo de deficiência, muitas das quais poderiam ser evitadas com estratégias eficazes de acompanhamento neonatal. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no módulo Pessoas com Deficiência da Pnad Contínua 2022, o país tem 18,6 milhões de pessoas com deficiência, sendo uma parcela significativa composta por crianças.
Entre as condições mais preocupantes está a asfixia perinatal, também conhecida como encefalopatia hipóxico-isquêmica, que ocorre antes, durante ou após o nascimento. Essa condição pode levar a sequelas graves, como paralisia cerebral, cegueira, surdez, e déficits motores e cognitivos, além de ser uma das principais causas de morte neonatal no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, estima-se que 20 a 30 mil crianças nascem anualmente com problemas de oxigenação no cérebro.
Prevenção e monitoramento: o papel da tecnologia
De acordo com o neonatologista Dr. Gabriel Variane, fundador da healthtech Protecting Brains and Saving Futures (PBSF), muitas sequelas podem ser evitadas com um acompanhamento neonatal eficiente e o uso de tecnologias avançadas de monitoramento.
“Com sistemas de neuromonitoramento em UTIs neonatais, é possível identificar crises convulsivas e outros riscos neurológicos com maior precisão, permitindo ações preventivas e tratamentos emergenciais que salvam vidas,” destaca o especialista.
Entre os tratamentos disponíveis está a hipotermia terapêutica, que reduz a temperatura do corpo do recém-nascido para diminuir o metabolismo cerebral e processos inflamatórios. Quando aplicada até 6 horas após o nascimento, essa técnica reduz a mortalidade e melhora os desfechos neurológicos.
Outras causas de deficiências evitáveis
Além da asfixia perinatal, outras condições podem causar sequelas neurológicas em recém-nascidos, incluindo:
- Hemorragia intraventricular;
- Infecções congênitas ou neonatais (como citomegalovírus e meningite bacteriana);
- Icterícia neonatal grave (kernicterus);
- Acidente vascular cerebral neonatal;
- Hipoglicemia neonatal persistente;
- Desordens metabólicas hereditárias.
Leite materno: um aliado essencial
O leite materno desempenha um papel crucial na proteção do cérebro dos bebês. Ele contém fatores neuroprotetores que auxiliam no desenvolvimento cerebral e ajudam a reduzir o risco de sequelas em prematuros e recém-nascidos de risco. Além disso, a amamentação fortalece o vínculo entre mãe e filho.
“O leite materno é um dos alimentos mais saudáveis e importantes para o desenvolvimento nos primeiros meses de vida, contribuindo para a prevenção de sequelas neurológicas,” reforça o Dr. Gabriel Variane.
Avanços no Brasil
O Brasil tem dado passos importantes na neuroproteção neonatal por meio de programas como o método canguru e o Programa de Reanimação Neonatal, promovido pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Essas iniciativas capacitam profissionais para intervenções rápidas e eficazes nos primeiros momentos de vida.
“Apesar de avanços, complicações como dificuldades respiratórias e problemas neurológicos ainda são comuns em UTIs neonatais. Políticas públicas bem estruturadas e o uso de novas tecnologias são essenciais para reduzir essas taxas,” conclui o neonatologista.
Sobre a PBSF
A Protecting Brains & Saving Futures (PBSF) é uma empresa brasileira que promove o conceito de UTI Neonatal Neurológica Digital. Através do monitoramento remoto 24×7, a PBSF permite o diagnóstico e tratamento precoce de lesões cerebrais, reduzindo o número de deficiências evitáveis.
Fonte: Dados do IBGE e informações fornecidas por Dr. Gabriel Variane