Concessionária Consolare é criticada por vereadores por irregularidades em serviços e manutenção de cemitérios municipais
Após denúncias de irregularidades e descumprimento de contratos nos cemitérios municipais de São Paulo, representantes da concessionária Consolare prestaram esclarecimentos à Câmara Municipal nesta terça-feira (12). A empresa, responsável por vários cemitérios da capital, enfrenta questionamentos sobre falhas em zeladoria, comunicação com o público e transparência nos valores cobrados. De acordo com a prefeitura, a Consolare foi notificada 21 vezes, mas pagou apenas uma multa até o momento.
A multa paga, de R$ 9 mil, está relacionada a um caso de 2023, quando a família de um natimorto encontrou dificuldades para realizar o sepultamento gratuito por causa de dados desatualizados no Cadastro Único. Segundo a família, a concessionária forneceu orientações inadequadas, e a situação foi resolvida apenas após a imprensa repercutir o caso.
Durante a reunião, o diretor-presidente da Consolare, Mauricio Costa, informou que as notificações recebidas pela empresa referem-se, em grande parte, a problemas de zeladoria, extintores e valores cobrados pelos serviços. Dos 21 avisos, quatro resultaram em multas, das quais três ainda estão em fase de recurso.
Um dos principais temas debatidos foi o alto custo dos serviços funerários. Segundo a vereadora Sonaira Fernandes (PL), há falta de clareza nos serviços oferecidos gratuitamente e nos valores sociais, que beneficiariam pessoas de baixa renda. Ela destacou que, em diversas ocasiões, os atendentes não informaram sobre a possibilidade de pagamento parcelado, o que poderia aliviar o custo para as famílias.
A comunicação via WhatsApp também foi criticada. Parlamentares apontaram que a empresa envia apenas informações sobre o pacote mais caro, ocultando a tabela completa de serviços. A vereadora Silvia da Bancada Feminista (Psol) relatou ter recebido uma mensagem sobre um sepultamento em Vila Formosa, no valor médio de R$ 3.800, sem opções mais acessíveis, o que, segundo ela, contraria princípios éticos no atendimento ao consumidor.
Além dos preços, a infraestrutura e a manutenção dos cemitérios também foram alvo de críticas. De acordo com Mauricio Costa, a Consolare já investiu R$ 55,79 milhões em melhorias e planeja investir R$ 200 milhões até 2027. O cemitério Vila Formosa, por exemplo, recebeu R$ 19 milhões em reformas, incluindo novas salas de velório e 11 mil gavetas de concreto.
Apesar dos investimentos, o vereador Rubinho Nunes (União Brasil) apresentou fotos mostrando problemas de zeladoria em Vila Formosa, como falta de pavimentação, buracos nas vias e acúmulo de sujeira. Nunes afirmou que essas condições evidenciam um descaso com o patrimônio público e sugeriu que a SP Regula, agência responsável pela fiscalização, intensifique o rigor nas autuações.
A reunião na Câmara Municipal trouxe à tona preocupações sobre a transparência e a qualidade dos serviços funerários oferecidos pela Consolare, destacando a necessidade de uma fiscalização mais rigorosa para garantir o cumprimento dos contratos e o respeito aos direitos dos cidadãos de São Paulo.
Fonte: Agência Brasil