Estudo do Sebrae destaca desafios enfrentados por mulheres negras no empreendedorismo e a necessidade de políticas públicas para reduzir disparidades.
Na Semana da Consciência Negra, um levantamento do Sebrae revelou uma realidade preocupante: a diferença de renda entre empreendedores brancos e empreendedoras negras ultrapassa 60%. Apesar de avanços no empreendedorismo feminino, obstáculos culturais e econômicos ainda dificultam o desenvolvimento de negócios liderados por mulheres negras no Brasil.
A artesã mineira Edilaine Bueno é um exemplo de superação nesse cenário. Moradora de Passos, Minas Gerais, Edilaine transformou sua paixão pelo artesanato em uma fonte de renda ao confeccionar bonecas de crochê conhecidas como “Amigurumis”. Desempregada, ela viu no empreendedorismo uma oportunidade de reinvenção. Há três anos, vende seus produtos e fatura, em média, R$ 1.500 por mês.
“Acredito que estamos no melhor momento para empreender, pois as redes sociais oferecem muitas ferramentas para crescer e se especializar”, afirma a proprietária da Dylamigurumi. Apesar da falta de uma ampla rede de apoio, ela conta com o incentivo da família e investe em capacitação para expandir suas vendas no mercado digital.
Barreiras Persistentes para Mulheres Negras
De acordo com o Sebrae, as empreendedoras mulheres têm reduzido a diferença de renda em relação aos homens, com um crescimento de 5,7% nos rendimentos entre 2019 e 2023, contra 4,5% dos homens. No entanto, ao analisar os dados por raça, as desigualdades se tornam ainda mais evidentes.
Enquanto o rendimento médio de mulheres negras cresceu 13,9% no período, o avanço ainda é insuficiente para superar as barreiras históricas. Margarete Coelho, diretora de Administração e Finanças do Sebrae, destaca que as mulheres negras continuam ganhando menos do que todos os outros grupos.
Outro dado alarmante é a diferença nas taxas de juros. Empresas lideradas por mulheres pagam, em média, juros quatro pontos percentuais mais altos do que aquelas chefiadas por homens, o que dificulta ainda mais o acesso ao crédito e o crescimento desses negócios.
Políticas Públicas são Essenciais
Margarete enfatiza que é urgente a criação de políticas públicas que promovam um ambiente mais equilibrado para o empreendedorismo. A implementação de medidas para reduzir entraves culturais, sociais e econômicos é essencial para garantir que empreendedoras negras tenham acesso a oportunidades justas e competitivas.
“Hoje, as mulheres negras enfrentam barreiras que vão desde o machismo estrutural até taxas de juros mais elevadas, o que compromete o pleno desenvolvimento de seus negócios”, conclui Margarete.
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Fonte: Pesquisa Sebrae baseada na PNADC (2019-2023).