Uma pesquisa liderada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) identificou que o recente surto de febre Oropouche no Brasil foi causado por uma nova linhagem viral, denominada OROV BR-2015-2024. O estudo, aceito pela revista científica Nature Medicine, aponta que o vírus, que surgiu entre 2010 e 2014 na Região Amazônica, passou por rearranjos genéticos antes de desencadear o surto que se espalhou por diversas regiões do país em 2024.
Nova linhagem apresenta maior resistência e rápida replicação
A nova cepa, fruto de uma combinação genética de linhagens do Brasil, Peru, Colômbia e Equador, apresenta alterações que podem facilitar o escape de anticorpos, reduzindo a proteção de pessoas que já tiveram febre Oropouche anteriormente. Além disso, estudos preliminares sugerem que essa linhagem se replica mais rapidamente nas células humanas, o que pode ter contribuído para a rápida disseminação da doença.
Doença transmitida por mosquitos e com sintomas semelhantes à dengue
A febre Oropouche é transmitida principalmente pelo mosquito Culicoides paraensis, conhecido como maruim, comum em ambientes úmidos. Seus sintomas, como febre, dores de cabeça, articulações e nas costas, são similares aos da dengue, mas em alguns casos graves, a doença pode evoluir para encefalite. Recentemente, foram registradas as primeiras mortes pela febre Oropouche, na Bahia, aumentando a preocupação de autoridades sanitárias.
Impacto das mudanças climáticas e padrões sazonais
Pesquisadores acreditam que mudanças climáticas, aliadas ao desmatamento, podem ter favorecido a proliferação do vetor, explicando a expansão da doença. O estudo também confirmou a sazonalidade da febre Oropouche, com maior transmissão no período chuvoso.
Fonte: EBC / Agência Brasil