Ele está saindo da presidência da Associação Comercial e Empresarial de Cianorte (Acic) e lista uma série de ações que tiveram sucesso, trazendo benefícios para os empresários cianortenses. José Claudiney Rocco (foto), 46 anos, assumiu a Acic em julho de 2012 e conseguiu uma boa parceria com a classe empresarial, poder público e outros segmentos.
A partir do começo de julho desse ano ele ficará como vice-presidente da associação que passa a ser comandada por Sérgio Castardo. Assim, Roccão poderá se dedicar a outras ações como o ambicioso projeto de pensar Cianorte até 2050. “Vamos pensar a cidade a longo prazo e para isso vamos reativar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Cianorte”, anunciou.
Roccão comenta sobre aspectos da economia de Cianorte, dando sugestões sobre como alguns setores poderiam aproveitar melhor todo o potencial que tem. E ressalta a aproximação da Acic do vestuário que, tradicionalmente, não tinham muita relação. E, principalmente, a parceria com o poder público, sendo que sempre foi muito bem recebido tanto pelo prefeito como pelos vereadores. Roccão diz que deixa a presidência da Acic com a sensação de dever cumprido e que seu sucessor terá amplas condições de realizar um ótimo trabalho. Inclusive com um veículo próprio para a associação conquistado na atual gestão.
Texto e fotos: Andye Iore
ENTREVISTA
FOLHA DER CIANORTE – Quais foram as principais ações de sua gestão?
JOSÉ CLAUDINEY ROCCO – Foram muitas ações importantes nesses dois anos. Honramos os compromissos assumidos por presidentes anteriores que não estavam no orçamento. Tivemos que buscar novas parcerias para então conseguirmos fazer frente a esses compromissos. Tínhamos um luta antiga da implantação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa em Cianorte. Conseguimos junto com a prefeitura e Câmara de Vereadores para que pudéssemos implantar essa lei. Isso foi um trabalho de anos e muito sonhado. Dá um tratamento diferenciado para essas empresas. Com essa vantagem, nós podemos ampliar a quantidade de micro e pequenas empresas na cidade. São pessoas que trabalham na informalidade e com a implantação da lei, recebem um tratamento diferenciado podendo ter acesso a previdência social e outros benefícios. Essas pessoas que trabalham na informalidade, suas famílias ficam desguarnecidas. Por exemplo, em casos de trabalhadores informais que se acidentam. Eles não estão amparados pelo INSS. E, para ter um ponto de atendimento do Sebrae em Cianorte, teria que ter a implantação dessa lei. Era uma condição para que o Sebrae pudesse atuar na cidade. Implantamos a lei que favorece os pequenos empresários e, ao mesmo tempo, possibilitou a abertura de um escritório do Sebrae em Cianorte. Conseguimos trazer para dentro da Acic, o Observatório Social, o Arranjo Produtivo Local (APL), o Conselho de Segurança, entre outros. Conseguimos uma credibilidade pelas parcerias que fizemos nesses dois anos. São parcerias com empresas de diferentes segmentos que oferecem serviços, consultorias e cursos. O empresário pode chegar na Acic hoje e encontrar um produto que adeque à sua necessidade. E sempre apresentamos os novos associados para o meio empresarial da cidade. Juntos conseguimos grandes resultados e o Sérgio dará continuidade a isso.
Sua atuação no Rotary também ajudou como no movimento “Abrace a Santa Casa”…
Graças ao livre acesso que temos com os rotarianos, maçons, lions e sociedade no geral, deu credibilidade para esse trabalho. Isso foi fundamental para reunir pessoas para ajudar um bem que é nosso, que é a Santa Casa. Criamos o movimento Abrace a Santa Casa de Cianorte. O hospital estava em dificuldades. A Acic mobilizou a sociedade civil para discutir juntos com Rotary, Maçonaria, igrejas, Lions, a OAB, Observatório Social, Conselho de Segurança, clubes, prefeitura, vereadores e outros que reunimos e sentamos à uma mesa para debater e encontrar uma solução para a Santa Casa. Montamos um conselho que atuou na Santa Casa junto com o conselho deles. Hoje a Santa Casa está num patamar muito importante de organização.
Como você avalia o setor de confecções que é um ciclo. Ora bem, ora com problemas?
A Acic sempre esteve um pouco distante do pessoal da confecção. Nunca houve um entrosamento. Nós começamos um trabalho com a Ascomvest e criamos alguns eventos. Como I Fórum Moda Cianorte. Reunimos os principais empresários da confecção, como também os políticos. Tivemos três deputados federais e dois estaduais e os prefeitos regionais. Houve um debate importante que chamou a atenção em toda a região. Criamos um modelo de parceria para atuarmos com os cinco shoppings juntos com atacado e varejo juntos. Isso nos dá condição de criarmos um sindicato patronal do comércio em conjunto e patronal do atacado. Tentaremos nos afiliar a Fecomércio, o que vai proporcionar a vinda do Sesc e do Senac para Cianorte. Já está em estudo com o presidente da Fecomércio. Vejo que se os empresários pudessem comercializar em Cianorte as roupas produzidas aqui, faríamos frente a Maringá. Tenho uma visão ampla sobre isso. Cianorte sozinha não consegue atrair o público que deseja. E Maringá sozinha também não. Se criarmos o Corredor da Moda entre Cianorte e Maringá, tenho certeza que nenhuma outra região do país chama tanta a atenção no setor. Nós temos a fonte. Cianorte tem tudo que tem de mais novo no mercado da moda. Estamos conversando sobre isso, que a nossa produção de roupa é sustentável. Temos lavanderias que seguem um rigoroso processo de qualidade que pode ser explorado como sustentável. Poderia ser criado um selo como “roupa sustentável”. Isso Maringá não tem e precisamos explorar mais. Temos a fonte, várias marcas, produção sustentável.
Quais os desafios da economia de Cianorte?
Cianorte tem uma economia diversificada. O agronegócio é muito importante. No nosso levantamento de empresas que mais arrecadam em Cianorte, houve uma alternância entre vestuário e agronegócio. Cinco empresa de cada segmento e alternadas. Agronegócio não é só abatedouro. Tem indústrias de farinha que movimentam a área rural. Os criadouros de aves mantem os pequenos produtores no campo, com alta tecnologia. O agronegócio poderia ser mais explorado. O vestuário e agronegócio juntos concentram 70% da mão de obra do município. Na confecção já é mais explorado, mas poderia formalizar mais. Ainda tem muitas empresas de fundo de quintal. É um desafio também.
Cianorte tem marcas fortes e está em meio a pólos econômicos, mas não tem um shopping que possa atrair a população da região no final de semana. Que avaliação você faz disso?
Os empresários da nossa cidade ainda não se atentaram a isso. Temos plenas condições, um pólo comercial muito grande. Não tanto como Maringá, mas temos cidades vizinhas que poderiam vir fazer suas compras e ter lazer no final de semana aqui. Umuarama também não tem essa opção de final de semana. Os empresários de Cianorte estão tão preocupados com o atacado que vai muito bem, que não se aventuram num varejo para criar essa condição. Mas, há outros impedimentos também. A legislação trabalhista na nossa cidade não permite isso. Por exemplo, os supermercados não tem autorização para trabalhar no domingo. Precisamos conversar com a promotoria, sindicatos e encontrarmos juntos uma solução. Já passou da hora de termos aqui um shopping de varejo que poderia concentrar e fazer com que os consumidores fizessem aqui suas compras no final de semana. É uma discussão ampla. Já tivemos conversas para que shoppings de atacado atendessem aos domingos. Alguns ônibus chegam em Maringá e ficam lá por ter uma estrutura maior. Depois vem pra Cianorte e tem gente que já gastou em Maringá. Se abrisse aos domingos, essas pessoas poderiam vir direto para Cianorte sem parar em Maringá.
Como é o interesse dos empresários nos serviços e cursos da Acic?
A Acic não deveria ser considerada moeda de troca. Eu pago a mensalidade e tenho um serviço. A Acic precisa ser vista com consciência empresarial. Se sou empresário, tenho que estar associado a um grupo que defende os mesmos interesses que eu. Pra ser empresário de direito, basta ter CNPJ. Para ser de direito e de fato, tem que estar ligado à associação, no caso a Acic que é para os empresários. A Acic tem dentro dela a Junta Comercial do Paraná. Se não tivesse, os empresários teriam que fazer o CNPJ e alterações de contrato em Maringá ou Umuarama. Só por misso já vale a pena. A Acic oferece capacitação para os colaboradores. Mas, temos uma falta de interesses dos colaboradores em se capacitar, reciclar. Como Cianorte vive pleno emprego, as pessoas não se importam. Quem tem interesse, se capacita e fica atualizado no seu segmento. Toda semana tem cursos gratuitos.
O que está previsto para o futuro na Acic?
Vamos reativar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Cianorte (Codesc). Queremos contribuir com o poder público com a reativação. Terei mais tempo para trabalhar nisso agora. Vamos reunir clubes de serviço, escolas, igrejas e outros para abrirmos uma discussão sobre a Cianorte que queremos para 2050. Vamos conversar sobre trânsito, saúde, educação e planejar como queremos em 2020, 2030, 2040 até 2050. Vamos fazer propostas e apresentar para os vereadores. O prefeito não pode planejar a cidade a longo prazo. Tem que ser dentro de seus quatro anos. E a sociedade é imediatista. Então, vamos pensar a longo prazo e ajudar assim.
PERFIL
NOME: José Claudiney Rocco
NASCIMENTO: 22 de fevereiro de 1968
FORMAÇÃO: Administração
LAZER: jogar futebol
TIME: Coritiba
FAMILIA: casado, dois filhos
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