Com 588 municípios localizados na faixa de fronteira, o Brasil enfrenta desafios específicos que vão desde evasão escolar até o fortalecimento do crime organizado e do contrabando. A falta de investimentos econômicos nessas regiões é um dos principais obstáculos ao desenvolvimento local, dificultando o combate ao crime e à informalidade.
O presidente do Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras (Idesf), Luciano Stremel Barros, explica que as áreas de fronteira foram as últimas a receber investimentos, o que contribui para o atraso econômico. A região fronteiriça, que cobre 16% do território brasileiro e abrange 11 milhões de habitantes, é marcada pela falta de infraestrutura e atividades econômicas significativas.
Criminalidade e Contrabando
A proximidade com países produtores de drogas, como Bolívia, Peru e Paraguai, facilita a atuação do crime organizado nas cidades fronteiriças, que muitas vezes se infiltra nas estruturas estatais. Segundo o professor Tomaz Espósito, da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), o crime organizado se aproveita da fragilidade administrativa dessas regiões para lavar dinheiro e controlar setores estratégicos como lixo e transporte público.
Além disso, a evasão escolar nas fronteiras é preocupante. Jovens, muitas vezes, abandonam os estudos para se envolver em atividades ilícitas, como contrabando e tráfico de drogas, que pagam salários superiores à média local.
Contrabando Como Parte da Cultura Local
O contrabando, em muitas dessas regiões, é visto como parte da cultura local, especialmente em áreas com fracas bases econômicas e sem grandes empreendimentos. A prática movimenta bilhões de reais, agravando a sonegação de impostos e a falta de recursos para os municípios. A dificuldade de acessar fundos para o desenvolvimento, como o Focem (Fundo do Mercosul), também impede o avanço econômico dessas áreas.
Avanços com a Política Nacional de Fronteiras
Em maio de 2024, o governo federal publicou um decreto estabelecendo a Política Nacional de Fronteiras, que busca promover segurança, desenvolvimento sustentável e integração regional. Para Luciano Stremel Barros, a política representa um avanço na integração entre os órgãos federais, estaduais e municipais, criando novas possibilidades para melhorar a segurança e o desenvolvimento nas áreas de fronteira.
Fonte: Agência Brasil (EBC)