Cenário do setor durante a pandemia tem criado oportunidades para novos negócios
A pandemia da Covid-19 não só mudou o comportamento de consumo das pessoas, como também impactou profundamente a dinâmica de alguns mercados, como é o caso do segmento da saúde. O uso de tecnologias e inovação no setor tornou-se crucial, criando possibilidades para a criação de novos pequenos negócios inovadores, como startups especializadas, as chamadas healhtechs.
De acordo com o levantamento da Distrito Dataminer, ligado à consultoria Distrito, o setor da saúde é o terceiro maior em número de startups e tem demonstrado rápido crescimento. Em 2020, os investimentos nesse tipo de startup cresceram 70%, quando comparados a 2019. As áreas que mais receberam aportes foram as de telemedicina e prontuário eletrônico.
De acordo com a analista de inovação no Sebrae, Hulda Giesbrecht, o surgimento de negócios foi favorecido pela pandemia que apresentou novos desafios e problemas para a sociedade. “Há um potencial enorme para as micro e pequenas empresas que querem inovar na saúde e uma das nossas metas no Sebrae é apoiar empresas de base tecnológica que usam tecnologias portadoras de futuro para resolver desafios da sociedade”, explicou.
Para isso, o Sebrae, ao lado de parceiros, está selecionando 1.000 pesquisas com potencial inovador para transformá-las em negócios. As inscrições estão abertas até o próximo dia 21, por meio do endereço eletrônico: https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/catalisa/ict. Até o momento, 20% das inscrições realizadas são para aplicações de soluções geradas pelas pesquisas acadêmicas na resolução de um problema ou desafio na área da saúde.
“Percebemos que as propostas apresentadas incluem tecnologias portadoras de futuro como Inteligência Artificial (IA), Internet das coisas (IoT), nanotecnologia. Isso nos deixa muito felizes porque queremos apoiar o surgimento de empresas com DNA tecnológico, que sejam vinculadas aos desafios do mercado e, assim, alcancem sucesso”, contou.
Além das boas perspectivas para novos negócios, o setor de saúde é considerado um dos segmentos onde as micro e pequenas empresas sofreram menos impacto pela pandemia. Pesquisa realizada pelo Sebrae, em parceria com a FGV, mostrou que enquanto a média de queda do faturamento é de 39%, as perdas na saúde são consideradas as menores, entre os segmentos analisados, com índice de 23%.
A startup carioca Luminase é um exemplo de um pequeno negócio inovador que nasceu dentro da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a partir do doutorado e pós doutorado em bioquímica do pesquisador Anderson Fragoso dos Santos, que hoje é o CEO da empresa. Ele desenvolveu produtos para o combate da infecção hospitalar com base em resíduos agroindustriais e com o apoio do Sebrae transformou a pesquisa em um negócio. Em 2018, quando tudo começou, a empresa foi reconhecida como a melhor startup brasileira no Desafio Sebrae Like a Boss.
Para Anderson, a pandemia foi um momento de “arrumar a casa” e aproveitar as oportunidades que surgiram. “Nesse tempo fomos selecionados como a primeira startup brasileira para receber investimentos de um fundo argentino e também fomos contemplados em um outro edital de apoio. Aproveitamos para pivotar um pouco o nosso modelo de negócio, que agora tem o foco na transferência dessa tecnologia para grandes empresas”, explicou. A startup também participa do projeto Prointer Bio, desenvolvido pelo Sebrae RJ, com o objetivo de internacionalização do negócio.
Ele acredita que iniciativas como o Catalisa ICT ajudam muito o pesquisador que quer empreender. “Muitos editais não preveem o pagamento de bolsas para os pesquisadores e sem isso é muito difícil. Outro gargalo é falta de preparação para o mercado. Eu sempre atuei na área de pesquisa aplicada, mas tive que buscar conhecimentos de gestão fora da universidade. Por isso eu considero que o Catalisa ICT é uma grande oportunidade”, declarou.
Oportunidade
Podem se inscrever no Catalisa ICT, mestres e doutores que já concluíram a titulação ou que ainda estão elaborando suas pesquisas. A jornada de aceleração oferecerá aos pesquisadores capacitação em gestão, mentorias, fomento e acesso ao universo empresarial. Os projetos selecionados poderão receber apoio de fomento de até R$ 150 mil, por plano de inovação no segundo edital.
A meta do Sebrae, na 2ª etapa, é selecionar 270 planos de inovação, que serão implementados em até 12 meses. Ao final dessa etapa, os pesquisadores deverão formalizar a sua empresa de base tecnológica, para participar do terceiro edital, quando serão escolhidos 135 projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I). Esses pequenos negócios formalizados vão participar da quarta etapa do programa, quando terão a oportunidade de ter contato com investidores e se aproximar de empresas e potenciais parceiros.
A jornada completa do Catalisa ICT deve durar em torno de três a quatro anos. Os pesquisadores que não forem selecionados no segundo edital, e não avançarem para as etapas seguintes, ainda terão a oportunidade de participar de projetos de inovação de micro e pequenas empresas, como capital humano qualificado, para ajudá-los a avançar em suas inovações.
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Fonte: ASN