Cianorte foi fundada em 26 de Julho de 1.953 e pertencia ao
Município de Peabiru. Em 1.955 foi elevada a Município e era necessário, então,
realizar as eleições. E no mesmo ano, a comunidade se reuniu e resolveu lançar um
candidato único: Wilson Ferreira Varella, que assumiu uma gestão de 1.956 a 1.959.
As primeiras escolas municipais foram sendo criadas para atender a
alta demanda de crianças, eis que a cidade crescia a cada dia. Era curioso ver aqueles
caminhões de mudanças, simples, descarregando seus móveis nas casas recém-
construídas ou em barracas de lona. Junto com as famílias vinham alunos ansiosos por
escolas. A demanda já indicava que era urgente instalar em Cianorte um Ginásio
Estadual, cujo curso correspondia de 5ª a 8ª séries.
O Prefeito deslocou-se para Curitiba, uma viagem simplesmente
aventureira, por estradas sem asfalto, e pouco confortáveis e de lá trouxe a
autorização para instalar o Ginásio Estadual de Cianorte, precursor da escola que hoje
tem o nome de Colégio Estadual Cianorte. Na esquina da Rua Piratininga com a Rua
Abolição, a Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, a colonizadora de nossa
cidade havia construído um escola de madeira com quatro salas de aula, onde
funcionava a primeira escola da cidade Casa Escolar Cianorte. E o prefeito já iniciara a
construção de uma nova escola: Grupo Escolar “Itacilina Bittencourt”, na Rua
Campinas. O Ginásio foi instalado em 1.958, no mesmo prédio da Casa Escolar, que em
1.960, foi transferida para o Grupo Escolar “Itacilina Bittencourt” e a Casa Escolar
Cianorte foi extinta, ficando tão somente o Ginásio no local, funcionando. O primeiro
Diretor do Ginásio foi um Dentista vindo do Rio Grande do Norte, da cidade de Natal:
Dr. Francisco de Macedo Freire, falecido há alguns anos.
Quando o ginásio começou havia somente duas turmas de 5ª série de
dia e duas no período noturno, e, ainda não havia luz elétrica no prédio. As aulas eram
ministradas à noite com lampiões de querosene, acreditem… Até que instalaram a
energia elétrica vinda de um motor barulhento. As aulas do ginásio, à noite,
começavam às 19 horas e logo já começava a escurecer. Uma servente acendia as
luzes, penduradas em um fio, bem no meio da sala. Quando o motor parava de
funcionar por qualquer razão e isto acontecia frequentemente, por falta de óleo ou
defeito na engrenagem, as luzes se apagavam e então era necessário acender um
lampião a querosene. Ele ficava no meio da sala, em cima da mesa, e os alunos se
aproximavam para poder enxergar e então, ler e escrever. Quando também o lampião
falhava, os alunos eram dispensados e lá iam embora, no meio da noite, na escuridão,
muitas vezes com faroletes para iluminar o caminho, nas noites sem estrelas e sem lua.
Porém, desde aquele tempo já existiam alunos malandros que estavam a fim de “matar aulas” e assim, jogavam areia dentro da distribuição ou dentro do tanque de
gasolina e o motor parava. E assim por falta de energia as aulas eram dispensadas…
Vivi a história de Cianorte com toda a sua intensidade!
Izaura Aparecida Tomaroli Varella – Pioneira