RUAS DESERTAS

Um soneto revela a cor do coração em tempo de epidemia

Contemplo a cidade em desertas ruas…

Só o silêncio se importa com a passagem,

Sem carros, sem viço, as vitrines nuas,

Como se o povo estivesse de viagem…

Uma farmácia aberta anuncia a dor,

daquele que a postergou, tão negligente.

Um casal caminha sem estar junto.

Os homens sumiram numa fuga inconsequente.

Assim também minh’alma caminha solitária

Por entre lembranças doces do passado

E outras amargas, nesta jornada temerária.

Tal qual rua deserta de paisagem

Minh’alma triste percorre em descompasso

todos os lugares que lembram sua imagem!

Izaura Varella