Procedimento é indicado para casos de incompetência istmocervical e ajuda a evitar complicações durante a gestação.
Nos últimos meses, celebridades como Eliana, Nadja Haddad e Ary Mirelle chamaram a atenção para um tema delicado, mas crucial para muitas gestantes: a cerclagem uterina. O procedimento, indicado para prevenir partos prematuros e abortos em mulheres com incompetência istmocervical, tem ganhado visibilidade, destacando sua importância para garantir uma gestação segura.
A incompetência istmocervical é uma condição caracterizada pelo enfraquecimento do istmo e do colo uterino, que pode levar ao encurtamento ou à abertura precoce do colo durante a gravidez. Essa fragilidade, que pode ser natural ou resultado de fatores como curetagens, partos normais ou infecções, dificulta a sustentação do peso do útero à medida que a gestação avança.
Diagnóstico e funcionamento da cerclagem uterina
De acordo com Vicente Letti Junior, ginecologista do Pilar Hospital, o diagnóstico é feito por meio de ultrassonografias no pré-natal, especialmente em casos de abortamento habitual (três ou mais perdas gestacionais consecutivas). “Quando a mulher engravida, o volume uterino aumenta, e, em algumas situações, a musculatura não consegue sustentar a gestação, o que pode levar à perda do bebê”, explica.
A cerclagem uterina consiste na aplicação de pontos cirúrgicos no colo do útero para estreitá-lo, ajudando a prolongar a gestação até as semanas finais, garantindo o desenvolvimento do bebê. Geralmente, o procedimento é realizado entre 8 e 12 semanas de gravidez, mas também pode ser feito em caráter emergencial em gestações avançadas.
Casos famosos que trouxeram visibilidade
A apresentadora Eliana realizou a cerclagem na 11ª semana de gestação de sua filha, Manuela. Nadja Haddad, por sua vez, recorreu ao procedimento durante uma gravidez gemelar. Já Ary Mirelle realizou a cirurgia de emergência com 27 semanas, evitando complicações graves.
Recuperação e recomendações
A recuperação da cerclagem é rápida, permitindo que as gestantes retomem atividades leves cerca de um mês após a alta médica. “Desde que seja feito no momento certo e com a técnica adequada, a recuperação é tranquila, e a paciente pode levar uma vida praticamente normal após um mês”, afirma Letti Junior.
No entanto, o procedimento não é indicado para todas as mulheres. A decisão deve ser tomada com base em uma avaliação médica detalhada, considerando o histórico da paciente e possíveis riscos. Segundo o especialista, o acompanhamento pré-natal adequado é essencial para garantir diagnósticos precoces e a segurança da gestação.
Conscientização e cuidados
Estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que cerca de 3 em cada 10 gestações no Brasil terminam em aborto, sendo a maioria causada por fatores genéticos. Em casos de abortamento habitual, porém, a investigação médica é crucial para identificar condições tratáveis, como a incompetência istmocervical.
Com informações claras e diagnóstico precoce, muitas mulheres podem contar com a cerclagem uterina como uma solução para garantir uma gravidez saudável e bem-sucedida.
Fonte: Vicente Letti Junior, ginecologista do Pilar Hospital