Banco Central aumenta taxa de juros para conter a inflação, mas decisão pode desacelerar a economia e encarecer o crédito.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (6), elevar a taxa básica de juros, a Selic, em 0,5 ponto percentual, passando de 10,75% para 11,25% ao ano. A medida, que já era esperada pelo mercado, foi tomada em resposta à alta recente do dólar, às incertezas econômicas globais e ao aumento dos preços dos alimentos, que têm pressionado a inflação no Brasil.
A elevação da Selic marca uma mudança na política monetária, após uma série de reduções ao longo do último ano. A taxa havia permanecido em 13,75% ao ano até agosto de 2023, mas foi progressivamente reduzida até alcançar 10,5% em maio de 2024. No entanto, o aumento da taxa nas reuniões de setembro e agora em novembro demonstra que o Banco Central está preocupado com o controle da inflação.
Cenário global e pressão inflacionária
Em comunicado, o Copom destacou o cenário econômico incerto nos Estados Unidos, com potenciais impactos sobre a economia global. Sem citar diretamente a possível reeleição do ex-presidente Donald Trump, o Banco Central mencionou a instabilidade no ritmo de desaceleração e desinflação nos EUA, o que gera dúvidas sobre os próximos passos do Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano.
No cenário doméstico, o Copom reiterou a importância de uma política fiscal responsável e crível, que mantenha o equilíbrio das contas públicas e contribua para ancorar as expectativas de inflação. A sustentabilidade da dívida pública, segundo o Banco Central, é essencial para reduzir o prêmio de risco dos ativos financeiros, o que impacta diretamente na política monetária e no controle inflacionário.
Inflação acima da meta
A Selic é o principal instrumento utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em setembro, o IPCA acumulou alta de 4,42% nos últimos 12 meses, próximo ao teto da meta para 2024, que é de 4,5%. A inflação foi pressionada pelo aumento dos preços de alimentos, afetados pela seca, e pela bandeira vermelha nas contas de luz.
De acordo com o último boletim Focus, as expectativas do mercado financeiro são pessimistas, com previsão de que a inflação termine o ano em 4,59%, acima do teto da meta. O Banco Central atualizou suas projeções e agora espera que o IPCA fique em 4,6% em 2024, 3,9% em 2025 e 3,6% no primeiro trimestre de 2026.
Impacto do aumento da Selic na economia
Com o aumento da Selic, o crédito fica mais caro, o que desestimula o consumo e a produção, contribuindo para a redução da pressão inflacionária. No entanto, essa medida também pode dificultar o crescimento econômico, tornando mais custoso para empresas e consumidores financiarem projetos e compras.
Mesmo com a alta dos juros, o Banco Central elevou a projeção de crescimento do PIB para 3,2% em 2024, impulsionado pela expansão de 3,1% registrada até agora. A política de juros altos busca equilibrar o crescimento com o controle da inflação, ainda que isso represente um desafio em um contexto de incertezas globais.
Fonte: Agência Brasil