PARTE I
As lideranças políticas do ano de 1.955 entraram num consenso de que não lançariam nenhum candidato ao cargo de Prefeito Municipal se Wilson Ferreira Varella aceitasse ser candidato. Cianorte era totalmente dependente da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, que fazia os arruamentos, a conservação das ruas, das estradas que estavam sendo abertas na zona rural. Dr. Hermann De Moraes Barros, Diretor da Companhia e pôs o Varella na parede, eis que era funcionário da empresa. Dr. Hermann estava preocupado com as dissidências que tinha havido em Maringá e falou para Varella: “Vamos evitar o que aconteceu em Maringá, para não ter problemas. Você pensa. Você vai para casa, deita e pensa.” Ao que Varella respondeu: “Mas aí eu não vou nem dormir, porque eu não sou político, não tenho o dom para isto.” Dr. Hermann respondeu: “Não, você procura que tem.” No dia seguinte, como Varella tinha que dar a resposta e sempre teve um humor fino e inteligente, fez igual a D.Pedro I: “Se é para o bem de todos diga ao povo que fico.” No dia 26 de agosto de 1.955, no Hotel Cianorte, na Praça 26 de Julho, reuniram-se Benecdito Villela de Andrade, Dr. Ramon Máximo Schulz, Gabriel Segundo de Minas Cossich, Rizieri Babboni, Silvino Lopes de Oliveira, Benedito Pereira da Silva, Mário Nunes Filho, Antonio Rodrigues Mota, o candidato a Deputado Estadual por Peabiru Justino Mendes Neves, Dr. Paulo de Moraes Barros Neto e Wilson Ferreira Varella e todos apontarem o nome deste para ser candidato único a prefeito por Cianorte. Os partidos da época PR, UDN, PSP e OSD assinaram uma ata que ficou sob a guarda de Dr. Paulo de Moraes Barros. As eleições transcorreram com normalidade em 3 de outubro de 1.955 e em 12 de dezembro de 1.955 o Juiz de Direito Eleitoral Dr. Jorge Andriguetto de Peabiru proclamou o seguinte resultado: Primeiro Prefeito Municipal de Cianorte Wilson Ferreira Varella e para a primeira Câmara Municipal os mais votados da UDN: Geraldo Gonçalves de Oliveira, Francisco Kanó, Dr. Ovídio Luiz Franzoni e Ernesto Bigão. Pelo PSD: Washington de Oliveira Telles, Antonio Lima Santos. Pelo PSP; Benedito Ferreira da Silva, Daniel Antunes Barbosa. Pelo PR; Primo Manfrinato, num total de 9 vereadores. A Câmara Municipal teve constituída a sua primeira mesa diretora da história da cidade. Dr. Ovídio Luiz Franzoni assumiu a Presidência, foi eleito Washington de Oliveira Telles com Primeiro Secretário e o segundo Secretário foi Daniel Antunes Barbosa. Os vereadores só vieram a receber salários a partir de 30 de outubro de 1.958.
”Cianorte era um município imenso para ser governado, pois se estendia desde as barrancas do Rio Ivaí, São Carlos do Ivaí, Nova Esperança e Mandaguaçu ao norte, até as distantes terras de Aparecidinha d’Oeste.” (Gentil Cândido Pereira, historiador e pioneiro de São Tomé).
A política naquele comecinho era feita em botequins, batendo papo com todo mundo, tomando uma pinguinha aqui e ali, comendo bolo na de outro e fazendo visitas nos sítios.
“Uma das curiosidades era sobre a qualificação eleitoral. Os trabalhadores que vinham de fora, principalmente os do nordeste do Brasil, não eram qualificados, isto é, não tinham título de eleitor. Para se fazer a qualificação tinha que ir no sítio, na casa da pessoa, senão eles não vinham votar. Naquela época era muito difícil vir da zona rural para a cidade, além de ter despesas com condução, comida e se alguém não pagasse estas despesas não vinham votar.” (Helena da Rocha Cunha Moraes de Barros).
E assim as eleições transcorreram sem grandes problemas, embora, quando se deu a contagem de votos a urna de Aparecidinha d’Oeste estava extraviada, mas como os resultados não fariam diferença no resultado da eleição Dr. Andriguetto proclamou o resultado assim mesmo, eis que Varella era candidato único.
E assim vamos contando a história da cidade. Na próxima crônica falaremos da segunda eleição realizada em Cianorte.
E até lá.
Izaura Varella
Pedagoga e Advogada.