O ministro da Saúde, Luis Henrique Mandetta, anunciou na última segunda-feira (9) a simplificação na medicação de combate à tuberculose em crianças de até dez anos. Atualmente, o tratamento é feito com três comprimidos na fase intensiva do combate à doença e dois comprimidos na fase moderada. A partir de 2020, um comprimido efervescente, aplicado em cada fase, reunirá os compostos de toda a medicação necessária.
“É a mesma dosagem, a mesma posologia. Como passa a ser? Uma dose fixa combinada. Um único comprimido reunindo os três medicamentos na fase intensiva e [um comprimido reunindo] dois na fase de manutenção, sem a perda da eficácia”, disse o ministro em coletiva no ministério.
Na fase intensiva, o tratamento é feito com os medicamentos Rifampsina 75mg, Isoniazida 50mg e Pirazinamida 150mg. Na fase de manutenção, são utilizados os dois primeiros. A alteração na medicação, segundo o ministro, estará disponível na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) “até o primeiro semestre do ano que vem”. Segundo o ministro, o tratamento para adultos tem se mostrado eficaz e continua da forma atual.
A medida se justifica, segundo o ministro, para facilitar a estocagem e distribuição do medicamento. Além disso, segundo ele, uma única dose, com um comprimido efervescente, garante a ingestão correta e a efetividade do tratamento.
“Facilita muito na hora de explicar para as famílias e na oportunidade de, de uma vez só, já dar os três juntos. Porque às vezes a pessoa perde um, molha, estraga a caixinha de um e só dá dois deles. Então, quando a gente dá um comprimido só e temos a certeza que estamos dando a dose recomendada dos três”, disse Mandetta.
STOP TB
Mandetta também informou que o Brasil liderará a estratégia mundial de combate à tuberculose e, pelos próximos três anos, estará na presidência de uma organização internacional chamada Stop TB. Ela é vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU) e reúne mais de 100 países no esforço de reduzir o número de vítimas da tuberculose.
O Brasil cumpriu as Metas dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio relacionados à tuberculose e, no período de 1990 a 2015, conseguiu reduzir pela metade os índices de contaminação e morte causadas pela doença. No entanto, a coordenadora do Programa Nacional de Controle de Tuberculose, Denise Arakaki, disse que o Brasil ainda precisa reduzir o número de casos para fazer o continente atingir sua meta.
“O Brasil representa 1/3 dos casos nas Américas, o que coloca o país em uma situação de extrema responsabilidade. Se o Brasil não alcançar as suas metas dos objetivos do desenvolvimento sustentável, muito provavelmente a região não alcançará o resultado por nossa responsabilidade”.
De acordo com Mandetta, o país vai aumentar o diagnóstico dos casos da doença no país. Os principais alvos são as populações de rua; os presidiários, que representam um volume muito grande de pessoas que passa muito tempo reclusa; e os indígenas, por terem uma imunidade mais baixa.
A tuberculose é considerada uma das 10 principais causas de morte no mundo, com cerca de 1 milhão de vítimas por ano. No Brasil, foram registrados 75 mil casos de tuberculose no ano passado, sendo que 4,5 mil resultaram em morte. As capitais brasileiras com maior incidência da doença em 2018 foram Manaus e Rio de Janeiro. As que registraram menos casos foram Palmas e Brasília.
O tratamento é gratuito no Sistema Único de Saúde e dura, em média, seis meses. O problema é que, no Brasil, a cada 10 pacientes, pelo menos um abandona o tratamento. Isso deixa a bactéria da tuberculose mais forte e aumenta o risco de transmissão.
Fonte: Marcelo Brandão – Agência Brasil