Verão de 40°C: como proteger os olhos dos danos do sol

Óculos sem filtro UV podem antecipar catarata e outras doenças oculares. Saiba como escolher o modelo ideal.

A exposição intensa ao sol sem proteção adequada pode acelerar o desenvolvimento de doenças oculares, como catarata, degeneração macular e pterígio. No Brasil, onde as temperaturas ultrapassam os 40°C no verão, muitos ainda ignoram a importância de usar óculos de sol com filtro UV adequado.

Riscos da exposição ao sol sem proteção

De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, um levantamento com 420 pacientes revelou que 40% das pessoas usam óculos de sol há anos sem verificar a validade do filtro UV ou compram modelos sem procedência confiável. Essa negligência aumenta a exposição à radiação ultravioleta, um dos principais fatores que contribuem para doenças oculares.

Um exemplo é o caso do arquivista J.B., operado de catarata aos 54 anos. Ele nunca protegeu os olhos do sol e só percebeu a importância dos óculos com filtro UV após a cirurgia. “Minha visão melhorou como nunca. Cometi o erro de não me proteger, mas agora valorizo minha saúde ocular”, relata.

Catarata: um problema que pode ser adiado

A catarata, que atinge 25% dos brasileiros com mais de 50 anos, pode ser causada por diversos fatores, incluindo a exposição prolongada ao sol. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o uso de óculos com proteção UV sempre que o índice de radiação for superior a 6.

Além da idade, outros fatores de risco incluem:

  • Uso contínuo de corticoides
  • Hipertensão arterial e diabetes
  • Fumo e consumo excessivo de sal
  • Histórico familiar

Os sintomas da catarata incluem visão embaçada, dificuldade para enxergar cores e visão dupla. O único tratamento é a cirurgia, na qual o cristalino opaco é substituído por uma lente intraocular personalizada.

Outros danos causados pela radiação UV

Além da catarata, a radiação ultravioleta pode provocar outras complicações, como:

  • Degeneração macular: maior causa de perda da visão de detalhes em idosos. O primeiro sinal é enxergar linhas tortuosas. Quem tem histórico familiar ou olhos claros corre mais risco.
  • Pterígio: crescimento anormal de uma membrana sobre a córnea, exigindo cirurgia em casos avançados.
  • Queimaduras nas pálpebras: podem levar ao câncer de pele, o mais comum no Brasil, segundo o INCA.
  • Inflamação na córnea (fotoceratite): ocorre após longas horas de exposição ao sol sem proteção e pode acelerar o envelhecimento da córnea.

Como escolher os óculos de sol corretos

Para evitar danos à visão, o oftalmologista recomenda escolher óculos de sol certificados pela ABNT NBR ISO 15111, garantindo proteção contra 100% da radiação UV. Modelos vendidos em camelôs não oferecem essa garantia.

As melhores cores de lente para cada situação incluem:

  • Marrom, âmbar e cinza: ideais para o dia a dia, pois melhoram o contraste e a profundidade.
  • Cinza: recomendadas para dirigir em dias nublados.
  • Rosa e púrpura: ideais para esportes aquáticos.
  • Amarelas: reduzem o ofuscamento ao entardecer, auxiliando motoristas.

Proteção vai além dos óculos

O uso de cápsulas antioxidantes pode ajudar a reduzir a formação de radicais livres nos olhos, mas não substitui a necessidade de óculos com filtro UV e protetor solar nas pálpebras.

Para crianças, a melhor opção são lentes fotossensíveis com proteção UV, pois o uso de óculos escuros antes dos 10 anos pode afetar o desenvolvimento da visão.

Conclusão

A exposição ao sol sem proteção pode causar danos irreversíveis à visão. Óculos de sol com filtro UV adequado são essenciais para evitar problemas como catarata e degeneração macular. Além disso, consultar um oftalmologista regularmente e escolher lentes certificadas são medidas fundamentais para manter a saúde ocular em dia.

Fonte: Instituto Penido Burnier, Organização Mundial da Saúde (OMS), Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), Instituto Nacional do Câncer (INCA).