
Dados do Censo 2022 apontam crescimento da presença feminina no ensino superior e no mercado de trabalho
As mulheres são maioria entre os graduados no Paraná, representando 58,8% das pessoas com nível superior no Estado. Segundo o Censo 2022, do IBGE, dos quase 1,7 milhão de formados em bacharelado, licenciatura ou tecnologia, 992,5 mil são mulheres. Esse percentual supera estados como Rio de Janeiro (58%), Santa Catarina (57,9%) e São Paulo (56,9%).
O avanço feminino na educação superior tem sido expressivo. Em 2010, o Paraná contava com cerca de 500 mil mulheres diplomadas, número que praticamente dobrou em 12 anos. Esse crescimento contribuiu para que um quinto da população do Estado atingisse o nível superior e ajudou a impulsionar a participação feminina no mercado de trabalho. Atualmente, o Paraná registra 2,66 milhões de mulheres empregadas, o maior número da história.
Maioria também na pós-graduação
O domínio feminino no ensino superior não se restringe à graduação. Entre os estudantes de especialização, 62,3% são mulheres. No mestrado, elas representam 57,8% dos matriculados, enquanto no doutorado, são 53,4%.
Para a reitora da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Marta Gimenez Favaro, esses números refletem um processo histórico de ocupação de espaços. “A busca pela formação profissional permite acesso a cargos mais qualificados e melhores remunerações. Na UEL, por exemplo, temos uma maioria feminina não apenas entre estudantes, mas também em cargos de gestão”, destacou.
Desde 2019, a UEL mantém a campanha “Antes de Tudo #EuRespeito”, que promove diversidade e inclusão na universidade, reforçando o respeito a gênero, etnia e orientação sexual.
Mulheres no agronegócio e na ciência
A presença feminina também cresce em áreas tradicionalmente masculinas, como o agronegócio. Segundo a professora e pesquisadora Ana Maria Bridi, do curso de Zootecnia da UEL, as mulheres já são maioria em cursos como veterinária, agronomia e zootecnia. “Quando me formei, era a única mulher na sala. Hoje, temos mais de 50% de alunas nesses cursos. Isso traz diversidade e inovação”, explicou.
No entanto, desafios ainda persistem. “No mercado de trabalho, o setor agro ainda contrata mais homens. Mulheres precisam ser muito melhores para conseguirem uma vaga. Mas quando uma mulher alcança um cargo, ela abre portas para outras”, pontuou Ana.
Um exemplo dessa presença crescente é Milena Cesila Rabelo, aluna de pós-graduação em agronomia da UEL. Ela desenvolve um produto biológico para combater o percevejo marrom da soja, uma das principais pragas da cultura no Paraná, maior produtor do grão no país. O objetivo é substituir inseticidas químicos por uma solução sustentável.
Maioria também entre professores universitários
O avanço feminino no ensino superior não se restringe aos estudantes. Nas universidades estaduais do Paraná, as mulheres representam 59% dos alunos de graduação. Além disso, a maioria do corpo docente também é feminina, com 3.833 professoras para 3.695 professores.
Para o secretário estadual da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Aldo Bona, essa participação crescente é fundamental para tornar o ambiente acadêmico mais inclusivo. “As mulheres têm conquistado cada vez mais espaço na ciência e na pesquisa. Isso fortalece a qualidade do ensino e contribui para um sistema mais democrático”, afirmou.
Fonte: Agência Estadual de Notícias (AEN)