Casos de coqueluche aumentam em 2024, com foco no Paraná e São Paulo

Queda na vacinação contribui para aumento de casos e mortes, diz infectologista

Em 2024, o Brasil registrou 3.253 casos notificados de coqueluche, o maior número desde 2014, quando foram contabilizados 8.622 casos, segundo dados do Ministério da Saúde. A situação é especialmente preocupante no Paraná, onde o índice de incidência atingiu 10,6 casos por 100 mil habitantes, o mais alto do país.

De acordo com a infectologista Mirian Dal Ben, do Hospital Sírio-Libanês, a queda na cobertura vacinal é um dos principais fatores para o aumento dos casos. A taxa ideal de vacinação para garantir proteção coletiva é de 95%, mas esse patamar não está sendo alcançado. Além disso, o avanço dos testes laboratoriais que utilizam biologia molecular tem facilitado a detecção de casos, contribuindo para o aumento das notificações.

Outro problema apontado é a falta de reforço vacinal para adolescentes. “No Brasil, a vacina contra coqueluche é aplicada nas primeiras doses para bebês e em reforços até a infância, mas não inclui adolescentes, ao contrário do que acontece nos Estados Unidos e na Europa”, explica Dal Ben.

No Paraná, estado mais afetado, foram registrados 1.224 casos e quatro das 13 mortes por coqueluche deste ano. A cobertura vacinal no estado está em 90% para a vacina pentavalente em crianças, mas cai para 86% com a DTP. Entre as gestantes, apenas 46,7% tomaram a vacina, deixando um grande contingente desprotegido.

A vacinação de gestantes é considerada essencial para a proteção dos bebês, que estão entre os mais vulneráveis à doença. “Essa imunização é crucial para proteger os recém-nascidos, que têm maior risco de adoecer gravemente”, afirma a infectologista.

Em São Paulo, o segundo estado com mais casos (870), a cobertura vacinal infantil estava em 86,1% em setembro, abaixo do ideal para evitar surtos.

Sobre a doença

A coqueluche, causada pela bactéria Bordetella pertussis, é uma infecção respiratória altamente contagiosa, transmitida por tosse, espirro ou fala. Caracteriza-se por episódios intensos de tosse seca, que podem causar complicações graves, especialmente em crianças.

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a vacina pentavalente, que protege contra coqueluche, difteria, tétano, hepatite B e haemophilus influenzae tipo b. O esquema vacinal inclui doses aos 2, 4 e 6 meses, com reforços posteriores com a vacina DTP.

Fonte: Agência Brasil