
Se nascemos para ser felizes, que o sejamos então. Não
inventemos histórias de ciúme, de posse e de propriedade. Nem de nossa própria vida
temos domínio, nunca saberemos o caminho que iremos percorrer; é o segredo da vida!
Se estivéssemos neste mundo com um planejamento em mãos seria muito chato viver,
pois, a surpresa de todos os dias é que alimenta a nossa alma e nossos sonhos. Ora, se
não temos o domínio de controlar nossos próprios dias, quiçá, não teremos controle
sobre a vida do amado.
O amado é nosso companheiro, que anda ao nosso lado, que
nos inflama, mas, também nos consola; incomoda muitas vezes, entretanto, sua ausência
é sentida a todo instante. Chega um momento da vida que nos confundimos com o
amado; ele sou eu, e eu sou ele. Se ele for açodado a viver dentro de um cercado,
certamente, ele buscará a própria liberdade, que é um dom do ser humano. Ser livre é
determinação do destino. Nenhuma amarra o prenderá, o caminho dele também é livre,
tal como o nosso. O amado é meu e eu sou do amado! Pronto! Deixe-o partir… Não
obstante, se a partida é livre, ele certamente, voltará!
Às vezes o amado lembra aquele animal selvagem que
espreita o momento certo para dar o bote; basta um carinho que o animal se entrega
feito um filhote, aos nossos afagos. Porém, não subestimemos a força do amado, porque
ele é imprevisível… Ele também reserva consigo um quê de maldade e no momento
menos esperado ele ataca, parece até sem razão, mas dá o bote; vira briga e depois vira
amor, porque o amor exige a liberdade do confronto. Quem ama voa e plana pelos ares
por onde nunca andou, mas voa, certamente… O amor exige, sobretudo, sinceridade e
fidelidade. Portanto, se o seu amado é fiel, ele pode ser livre.
Esta decisão de permitir ao amado ser livre, não significa que
estes voos não tenham que ter controle. Não se controla perguntando ao amado onde
esteve; o controle vem da observação de seu estado de espírito e se conhecemos bem
nosso amado fácil será perceber o que lhe passa no coração. O amado tem o péssimo
hábito de não dizer onde esteve e responder com monossílabos, enquanto avançamos
sobre a intimidade de seus pensamentos e desejos. E ele não deseja que avancemos para
o recôndito de seu coração porque por lá poderão ser encontrados sonhos não realizados
que ainda o magoam. Se insistimos na descoberta destas razões, sairemos atingidas pela
decepção. Por isto mesmo, não sejamos invasivas, porque também desejamos não
colocar à vista nossas mágoas e nossas derrotas íntimas e pessoais. Deixemos que o
amado seja livre e estaremos promovendo o maior controle que uma mulher pode ter
sobre seu homem. É claro que esta liberdade tem que ter reciprocidade, tanto no amor
como na fidelidade, porque quando estes dons de Deus não estiverem mais presentes
melhor deixar o seu amado partir para sempre!
Porém, não deixemos de deixar claro ao amado que “o
preço da liberdade é a eterna vigilância!”
Izaura Varella – 2022