Paraná lidera doação de órgãos, mas 25% das famílias ainda recusam

Mesmo sendo referência nacional em doações, o estado enfrenta desafios com a recusa familiar, que impacta diretamente na fila de espera por transplantes.

O Dia Nacional da Doação de Órgãos, comemorado em 27 de setembro, ressalta a importância de dizer “sim” à doação. Apesar de o Paraná ser o estado com o maior índice de doadores do Brasil, com 42,5 doadores por milhão de habitantes (PMP), 25% das famílias ainda se recusam a autorizar a doação de órgãos. Este é um dos maiores desafios da campanha “Precisamos Falar Sim”, promovida pelo Ministério da Saúde, em parceria com o Centro de Cirurgia, Gastroenterologia e Hepatologia (Cighep), de Curitiba.

O coordenador do Cighep, Dr. Eduardo Ramos, destaca que o principal obstáculo é a falta de autorização familiar após a morte encefálica. “Ainda que a notificação seja obrigatória, 25% das famílias no Paraná não autorizam a doação, e em outros estados esse índice chega a 50%”, alerta o médico. A campanha busca conscientizar sobre a necessidade de discutir o tema previamente com a família.

Como funciona o processo de doação de órgãos

Após a confirmação da morte encefálica, o hospital notifica a Central de Transplantes, que coordena a captação dos órgãos. O processo é extremamente ágil: o coração, por exemplo, precisa ser transplantado em até 4 horas, e o fígado em até 8 horas. “A logística envolve várias equipes para garantir que o órgão chegue ao receptor no menor tempo possível”, explica Dr. Eduardo.

A urgência da doação: números alarmantes

Em 2024, o Paraná realizou 1.200 transplantes, enquanto 3.992 pessoas ainda aguardam na fila, sendo 2.222 à espera de um rim e 257 por um fígado. Os dados de 2023 mostram 1.213 notificações de morte encefálica, mas apenas 483 doações efetivas, refletindo as recusas familiares e outras contraindicações.

No Brasil, 14.000 transplantes foram realizados em 2024, com o Sistema Único de Saúde (SUS) financiando 88% desses procedimentos. Ainda assim, a demanda por doações é maior do que a oferta.

Fila de espera e mortalidade

A espera por um órgão pode ser fatal. “Até 30% dos pacientes com problemas hepáticos morrem na fila de espera”, alerta o gastroenterologista. A mortalidade também é elevada entre pacientes renais, mesmo com o suporte da diálise.

Discutir a doação de órgãos em família pode salvar vidas, e a campanha “Precisamos Falar Sim” visa conscientizar e incentivar essa conversa. “A decisão de doar tem o poder de transformar muitas vidas”, reforça Dr. Eduardo.


Fonte: Cighep