Já se pode deduzir que não, ninguém sabe, porque ela não existe mais, mas, teve seu tempo de reconhecimento. Quando a Companhia Melhoramentos Norte do Paraná projetou o mapeamento dos logradouros públicos de Cianorte, sempre usou como referência nome de estados e capitais do Brasil, rios brasileiros e datas comemorativas. Na época deste planejamento, Guaporé era um território brasileiro que mais tarde tornou-se o Estado do Acre. A Avenida Guaporé, portanto, é a saída atual para São Tomé.
Em 25 de maio de 1.968 foi sancionada a Lei Municipal 19/68, pelo Prefeito Municipal Dr. Ramon Máximo Schulz, porém, por iniciativa da Câmara Municipal. No ano de 1.968, o Brasil estava em pleno governo militar e movimentos agressivos da esquerda eram reprimidos. Um grupo de estudantes do Instituto Cooperativo de Ensino ocuparam as dependências do Restaurante Calabouço, no Rio de Janeiro contra o aumento do preço da comida e os policiais militares tentavam desocupá-lo. Os policiais acreditavam que os estudantes iam atacar a Embaixada dos Estados Unidos e ao invadirem o restaurante um estudante foi morto com um tiro no peito. O nome deste estudante era Edson Luís de Lima Souto e foi o primeiro estudante a ser morto durante o regime militar. Os demais estudantes temiam que os militares sumissem com o corpo e o levaram para as dependências da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, onde foi velado.
O caso repercutiu e vereadores contrários ao regime militar em Cianorte acabaram por aprovar o nome de Edson Luís de Lima Souto para substituir o nome da Avenida que representava o antigo território de Guaporé. Este estudante nunca esteve em Cianorte, nada significou para a história do Brasil, a sua morte foi uma fatalidade e Cianorte sequer merecia que este nome se perpetuasse na história da cidade e ainda mais, transformando-se em nome de uma das avenidas mais importantes. Quem legisla tem o compromisso de evitar ideologias e homenagens vãs e que não tem relação com a história da cidade. Isto é muito comum acontecer quando um vereador recebe um pedido de algum familiar pedindo para prestar homenagem ao falecido de sua família. Todo cuidado deve ser exercitado junto aos eleitores para que não se cometa agradinhos eleitorais. Quando os vereadores desta época apresentaram a mudança do nome da avenida estavam sob a influência dos acontecimentos históricos brasileiros daquele momento e não se atentaram que estavam modificando, em nome da democracia e liberdade os anais da história da cidade. A falta de cultura é capaz de produzir arrasos eleitorais.
Izaura Varella