O que você aprontou desta vez meu amado amigo? Quem é que permitiu que fosse embora sem falar comigo e me dizer adeus, num momento em que você estava tão feliz? Não consigo entender a sua partida que deixou todos os seus amigos em pranto, e como você faz falta!
Quando você chegou em Cianorte lá pelos anos sessenta a cidade se engrandeceu, porque estávamos recebendo um médico pediatra, num tempo em que tratávamos nossos filhos com chazinhos da horta. Foi muito bom para a cidade, ter um médico que entendia de doença de crianças, trazendo conforto aos pais que confiavam, plenamente, naquele médico jovem que chegava aqui cheio de sonhos. Quando nasceu a minha primeira filha Ana Luiza, ela foi uma das suas primeiras clientes, ainda bebê, você a tomava em seus braços e envaidecia a mim e ao Lino, dizendo que nossa filha era um bebê lindo e saudável! E o tempo passou Tramontini, e ela hoje tem cinquenta anos de idade! Risonho e alegre, seu sorriso não sai da minha memória. A Idi, sua esposa quantas vezes eu presenciei você a tratando com carinho e consideração e sob o teto do amor, seus filhos também foram sendo criados, amados e levados para se fortalecerem nos estudos, e são profissionais exemplares hoje. Assim como você foi um médico exemplar, um rotariano que fez valer o companheirismo e um maçom justo e perfeito. E lá vinha nosso amigo risonho, entrando na conversa na roda de amigos, sempre alegre e sem reclamar da vida. E a vida era boa mesmo, tínhamos saúde, o amor da família e dos amigos e a palavra de Deus para cumprir. Sim, éramos muito felizes mesmo!
E a dor de perdê-lo veio de uma só vez. Alegre e confiante porque você passava pela pandemia imunizado com duas doses de vacina e mesmo assim, foi vítima deste vírus que roda, indiferente e cruel, buscando nossos amigos. E quando as flores e as lágrimas se debruçaram na sua partida, eu chorei de longe, sem poder lhe dar o último adeus! Eu sei que chorar é humano, é sinal de amor e estima, de solidariedade. Sei que chorar alivia porque as lágrimas lavam o coração de seus amigos e de sua família, mas achei que não era hora ainda. Ainda tínhamos muito mais reuniões do Rotary para nos encontrar, ainda havia tempo para muitos abraços, e ainda havia tempo para relembrar nossas conversas, quando fomos parceiros na Câmara Municipal de 1.989 a 1.992. E que bom Vereador você foi neste seu mandato, dentro de uma câmara considerada muito culta pela população de Cianorte, onde haviam cinco médicos, um farmacêutico, uma professora e outros comerciantes. Fui testemunha de seu trabalho enquanto edil, generoso, sem vaidade, verdadeiro, solidário, cooperador, cumpridor das leis; e ainda mais: você foi Vereador Constituinte, quando escrevemos e editamos a Lei Orgânica do Município de Cianorte.
Cianorte perdeu um importante cidadão que ajudou a construir a história do Município e sua passagem por aqui não poderia ficar esquecida. Cianorte cresceu, dobrou a população e os jovens estão por aí sem saber quase nada da história do município, onde viveram tantas pessoas honestas e verdadeiras antes deles e foram os construtores da história. Meu querido amigo Wilson Tramontini, você pode ter ido embora, mas a memória do cidadão justo sempre ficará entre nós. Você sempre será o cidadão de alma imortal, de uma vida que não morre diante de Deus!
Izaura Varella
Primeira Mulher Vereadora de Cianorte de 1.989 a 1.992