Soubemos logo de manhã, no dia 31 de março de 1.964 que o Brasil seria governado por militares e não pelos contrários que queriam tomar o poder a todo custo. É lógico, que em razão das dificuldades de comunicação na época, em 1.964, não era tão fácil obter informações. Não havia telefones em abundância, celulares não existia, não sabíamos o que era internet e conhecíamos as notícias pelo rádio. Neste ano estávamos cursando o ultimo ano da Escola Normal que formaria as normalistas para preencher as vagas de magistério, eis que a cidade crescia e necessitava de profissionais, afinal a cidade tinha mais de 30 mil habitantes, contando a zona rural que tinha mais população que a zona urbana. A primeira turma de professores normalistas de Cianorte. Saímos às ruas comemorando, pois, sabíamos que nosso Brasil ia de mal a pior e uma das causas que nos levava às ruas era, justamente, o combate ao comunismo/socialismo. Anos antes eu estudava num colégio de freiras salesianas e elas alertavam para que nos protegêssemos do comunismo e de suas consequências no âmbito da liberdade pessoal, da propriedade e da religião das pessoas.
Não só o povo percebeu, mas, as Forças Armadas derrubaram um Congresso corrupto e comprometido, destituiu o Presidente Jango Goulart nesse movimento, que completou 57 anos agora em março, ocorrido no Brasil. Na madrugada de 31 de março para 1º de abril de 1.964, líderes civis e militares conservadores derrubaram o Presidente João Belchior Marques Goulart, o popular Jango Goulart, comprometido com sindicalistas e outros movimentos guerrilheiros com a mesma intenção. Desde 1.935 com o movimento comunista chamado Intentona Comunista, comandado pelo Partido Comunista Brasileiro acontecia tentativas de derrubar os quartéis e convencer o povo de sua ideologia, mas, foi contido.
Não posso de chamar de “Ditadura Militar” um tempo que vivi feliz; consegui meu primeiro emprego de professora por causa do meu esforço pessoal, andava pelas ruas livre e desavisada, pois, tinha a certeza que nenhum moleque safado pudesse me roubar. Na cadeia não tinha preso. Mas, então, porque a Policia Federal encontrou num bueiro de Cianorte com muitas armas de grosso calibre, logo após a revolução militar? Um sindicato foi queimado, e tudo indicava que para sumir com provas comprometoras de movimentos conspiratórios. O movimento comunista já avançava dentro de nossa cidade também. Imagine se Cianorte viveu esta fase em 1.964/65, como a oposição se organizava nas cidades grandes, no interior em grupos de guerrilheiros copiando a moda de Cuba… Lá em Cuba o povo foi ficando pobre, pobre, desvalido e Fidel morreu depois de mais de 50 anos no poder velho e gordo, com uma casa com barcos, com luxo, com piscina à beira mar, numa pequena ilhota ligada à Cuba.
Foi na tal “ditadura militar”, como falam aqueles que não viveram a história de perto, que comprei meu primeiro carro com dinheiro da professorinha que ia a pé do centro da cidade até a Escola Maria Montessori quatro vezes ao dia, ida e volta. Foi em plena tal “ditadura militar” que construí minha família, lecionava matérias históricas e geográficas, como Organização Social e Política do Brasil, Educação Moral e Cívica, História e Geografia e cantava orgulhosa de mãos no peito o Hino Nacional e ensinava meus alunos a fazerem o mesmo e amar sua Pátria. Nunca fui incomodada pelo DOPS, porque eu ensinava a matéria e não ensinava a Ideologia. Ideologia é um problema particular de cada um e não pode ser massa de manobra nas escolas, como fazem hoje muitos professores, doutrinando, sempre para os confrontos e nunca para a paz.
Tenho nomes e muitas histórias para contar ainda…
Izaura Varella – historiadora