“Em geral, as mães, mais que amar os filhos, amam-se nos filhos!
(Friedrich Nietzsche)
Por que não fui perfeita para meus filhos?
Desabrocharam em minhas mãos,
sorveram de mim a seiva da vida.
Por que?
Te vejo, pequena primeira,
Graciosa e insuficiente
Na concha dos meus braços.
Te amei desde a raiz da minha alma!
Mas, não fui perfeita.
Te vejo, pequeno segundo
Adormecido em meu colo
Aquecido pelo calor do meu afeto.
Te amei, incondicionalmente…
Mas, não fui perfeita.
Te vejo, pequeno terceiro
Encolhido em meu ombro
Entregando-se ao aconchego do abraço.
Te amei sem ter medida.
Mas, não fui perfeita.
Perfeita fosse
Teria parado o tempo,
Impedindo que a roda da vida não girasse mais…
Como aves migrantes se foram, a primeira, o segundo e o terceiro.
Cumprindo a migração inexorável do tempo, em busca da vida!
Eu fiquei aqui tecendo a sobra da teia que me resta.
Como fui feliz, sem ser perfeita!
Izaura Varella, professora, advogada, às vezes poeta.