A Federação Internacional de Futebol (Fifa) divulgou nesta última segunda-feira (4) a lista dos árbitros e assistentes do Mundial de Clubes de 2020 do Catar. A árbitra brasileira Edina Alves Batista é a única mulher escolhida pela entidade máxima do futebol mundial para comandar um trios de arbitragem durante o campeonato. Edina está no quadro da Fifa desde 2016 e já comandou jogos da Série A do Campeonato Brasileiro masculino e uma semifinal da Copa do Mundo Feminina de 2019.
Entre as duas assistentes mulheres chamadas pela Fifa está outra brasileira, Neuza Back. Além dela, a argentina Mariana de Almeida também integra o grupo. Neuza Back é integrante do quadro da Fifa desde 2014. Além de também ter trabalhado no último Mundial feminino, já participou de vários jogos da Série A do Campeonato Brasil e em uma partida da Copa Sul-Americana masculina.
A lista da Fifa inclui sete árbitros de campo, 11 assistentes e outros sete árbitros de vídeos. O grupo deve viajar ao Catar uma semana antes do início do evento para que sejam respeitados todos os protocolos relativos à pandemia do coronavírus (covid-19).
O Mundial de Clubes de 2020 está programado para o período de 1º a 11 de fevereiro de 2021. Já estão classificados seis times. O Tigres, campeão da Concacaf, o Bayern de Munique, vencedor da Liga dos Campeões, o Ulsan Hyundai, representando a Ásia, o egípcio Al Ahly, campeão africano, o Auckland City, representante da Oceania, e o Al-Duhail, do país-sede.
PERFIL
Edina Alves Batista, 39 anos, é paranaense de Goioerê e tornou-se a primeira árbitra a apitar a Série A do Campeonato Brasileiro após 14 anos de lacuna. O jogo entre CSA e Goiás, no dia 27 de maio, foi o primeiro da profissional na atual competição.
“Na hora que saiu a escala, o coração foi a mil. Você relembra tudo que passou na sua vida, tudo que viveu pra chegar até ali e você pensa: ‘vale a pena’.” disse Edina.
Edina estava chegando ao patamar de Silvia Regina de Oliveira, que foi uma das primeiras mulheres a arbitrar uma partida na elite do futebol brasileiro. Mas vamos voltar no tempo. A história da paranaense nem sempre foi na Primeira Divisão do Brasileirão. E foi em outro esporte que tudo começou.
Edina iniciou sua trajetória no basquete. Das quadras, como ala e armadora, ela passou a comandar os jogos como árbitra, tudo a convite de um amigo, que percebeu algumas qualidades para ela exercer a profissão: convicção, liderança e firmeza.
“Acho que eu tenho um pouquinho disso, que é união, e tentar dar o melhor, e grupo, entendeu? Talvez tenha sido que ele viu nas partidas que a gente jogava.”
Silvia Regina, hoje funcionária da CBF e do quadro da comissão de arbitragem, falou com alegria de novamente a Série A contar com uma árbitra mulher. “Eu sempre quis que outras mulheres ocupassem esse espaço também e sentissem essa sensação maravilhosa que é estar no campo de jogo apitando.”
O presidente da comissão de arbitragem da CBF, Leonardo Gaciba, foi só elogios a Edina. “Acho a Edina uma árbitra muito corajosa, com muita personalidade. Tem um condicionamento físico excepcional e, acima de tudo, ela é uma árbitra muito inteligente.”
Mas pra Edina fazer história, nada foi mais importante do que a persistência. E ao lembrar da caminhada, a árbitra que, em campo, não se deixa intimidar revela uma versão mais humana. “Sempre falei que ia conseguir, chegar e apitar a Série A. As pessoas diziam: ‘não, você mora no interior, no interior não aparece tanto, ainda mais mulher.’”
Edina não quis entrar em detalhes, mas admitiu que teve muitas dificuldades no início. “Sempre quis ser árbitra, mas algumas coisas no meu estado impediram de eu ser árbitra central no começo. Às vezes, o comando da arbitragem da federação tem uma linha, entendeu? E a minha vontade, meu desejo, sempre foi ser árbitra.”
Edina terminou a formação em 2001. Em 2007, virou assistente do quadro da CBF e, em 2013, foi indicada para atuar no Campeonato Brasileiro masculino. Trabalhou em todas as séries, inclusive no jogo decisivo da Série B de 2013, entre Palmeiras e Boa Esporte.
Em 2019, um momento marcante na carreira. Ao lado de Neusa Back, com quem divide um apartamento no interior de São Paulo, e Tatiana Sacilotti, Edina formou o primeiro trio feminino a representar a arbitragem brasileira num Mundial feminino. Elas trabalharam em quatro jogos da Copa do Mundo da França. “Quando eu comecei tudo, nunca pensei em chegar a uma Copa do Mundo. Sempre amei o nosso futebol brasileiro, sempre pensei na Série A. Era o meu grande objetivo. Quando saiu a convocação, que eu entrei na relação das candidatas à Copa do Mundo, eu quase caí de costas.”
Fonte: Juliano Justo – Agência Brasil / Globo Esporte.com