PREVENÇÃO EM ODONTOLOGIA

Em odontologia, nós profissionais da área da saúde, trabalhamos com a filosofia da prevenção de doenças. Sendo assim, o exame de imagens é essencial na clínica odontológica, como o principal complemento ao diagnóstico, planejamento e monitoramento de tratamentos.

O Cirurgião Dentista, além de atuar nas áreas da odontologia, tem condições de atuar preventivamente, zelando pela integridade sistêmica de seu paciente. A anamnese que fazemos no início das consultas, além de exames de imagens e radiográficos, trazem informações importantes para conhecermos melhor o paciente e assim traçar um plano de tratamento

Muitas vezes, achados clínicos podem interferir na intervenção odontológica, desde a cautela na escolha do componente anestésico em pacientes hipertensos, gestantes, à prescrição do antibiótico mais adequado para cada caso e cada paciente; sem mencionar as manifestações orais de quadros sistêmicos.

Seguindo esta filosofia, a observação de calcificações distróficas na região cervical, por meio dos exames de Radiografia Odontológica, inspira cautela. Tendo em vista que a circulação sanguínea é fechada, existe também a possibilidade de que outros vasos sanguíneos podem apresentar ateroma nas suas paredes. Diante dessa situação devemos encaminhar os pacientes de risco para as especialidades médicas como a Cardiologia e a Cirurgia Vascular.

O ateroma nada mais é do que um amontoado de moléculas de gordura (envolto por um tecido fibroso), que forma uma verdadeira placa, uma barreira, que obstrui a luz das artérias gradativamente. Se não for identificado precocemente, um ateroma da artéria carótida pode levar a um AVC.

Portanto, o ateroma de artéria carótida é o principal fator responsável pela ocorrência do AVC e frequentemente, pode ser observado por meio dos exames de radiografia odontológica. Dessa forma, podemos contribuir em grande parcela na questão de saúde pública, e ajudando a evitar os Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC), principal causa de morte no Brasil. Os fatores de risco para o desenvolvimento de ateroma são:

Idade acima de 45 anos, hábitos deletérios (tabagismo e/ou etilismo), hipertensão, diabetes mellitus, hipercolesterolemia, obesidade e histórico pregresso (e familiar) de doenças cardiovasculares.

Há estudo recentes, que mostram a associação do Streptococcus mutans (agente etiológico primário da cárie dental) com a formação de placas de ateroma, assim como em certas cardiopatias. Não só o S. mutans, mas também outros patógenos periodontais estão ligados à formação de placas de ateroma, uma vez que estas bactérias podem adentrar à corrente sanguínea e aderirem-se às paredes dos vasos sanguíneos, lesionando-os.

De maneira geral, em todas as áreas da saúde, quanto mais cedo uma condição patológica for identificada, melhor o prognóstico e, portanto, mais conservador será o tratamento. Esta é a razão pela qual todo e qualquer método preventivo é importante. O diagnóstico precoce de lesões contribui para o aumento da perspectiva de vida de nossos pacientes.