Ela acabou de fazer aniversário e completa dezoito anos; ainda um tanto sem experiência, mas, com grande visão do futuro. Tem esperanças e isto marca a sua vida. Ela acha que o futuro é azul como seus sonhos e que o príncipe encantado logo a encontrará e a terá nos braços para lhe dizer que este amor é para sempre. Ela se veste de esperança, mas, abusa das cores, não só verde, mas, também usa azul brilhante como a cor do céu, preto para as grandes cerimônias, branco quando vai à igreja, amarelo quando está triste, vermelha quando o desejo aflora contundente e roxo quando está extremamente triste. Porque ter 18 anos não é para qualquer um. É necessário estar armado para enfrentar as diferenças das estações e das cores e tudo o que lhe oferecerão daqui para frente. É necessário se armar de defesas para conter os bons costumes e a moral imposta pela sociedade. Mas, então ela pensava: “ter dezoito anos não é ser maior?” Não, garota, ter dezoito anos é tão somente, o despertar para a vida, que a aborda com todas as suas ignomínias e seus dissabores. Ter dezoito anos, não é ser dona do seu nariz, porque a regra da sociedade impõe limites: cada um no seu quadrado… Não pode se fazer tudo o que se quer, não ao se pode ser livre e gozar da liberdade absoluta, não se pode amar sem os descaminhos do amor, não se pode entregar, plenamente, achando que não terá consequências, não se pode ser uma porta por onde a liberdade entra e reina absoluta. Ela pensava que aos dezoito anos seria livre, seria feliz, e que não daria mais satisfação para ninguém de seus atos. Ela se esqueceu de que não vive numa ilha, isolada, e nem é dona do seu próprio nariz; quando emite opiniões tem que ser precavida, não se pode falar tudo o que se pensa, sob pena de ser linchada pelo grupo em que vive. Ela desconhece o Código Penal, que a atingirá na primeira oportunidade em que colocar o seu gênio para fora! Não se pode tudo!
Enfim ela completou 18 anos, alvissareira, levantou a bandeira da liberdade, sem amarras, mas, a ingenuidade que só o passar dos anos é capaz de romper, ainda determina o seu comportamento e justamente, por ser ingênua, não fica muito ligada com o futuro. O futuro é hoje e o que virá pertence, tão somente ao tempo. Ela não quer saber do tempo e nem de seus desencantos. Ela quer viver aquele momento que a vida lhe deu, linda, vaidosa, inexperiente, sem trato com o desamor, e amando profundamente aquele que acabou ficando no seu caminho. Mesmo que não seja o par ideal e rejeitado pelos que estão ao seu redor, nada lhe interessa, nem crítica e nem repreensões. Ela tão somente quer ser feliz, porém, desconhece que os caminhos da felicidade passa por cima de estradas sinuosas, cheias de espinhos e pedras; estes percalços não lhe interessam e segue em frente. A ingenuidade dos dezoito anos é importante, mas não é fundamental; quando não se pensa com responsabilidade, quando não se pensa no futuro, quando a vida é agora e lhe pertence, e que nada a convence que o amanhã virá. Ela dezoito anos, mas, mal sabe ela que os demais anos que faltam viver vão lhe cobrar como um grande algoz, todas as suas estripulias e passagens recalcadas. Ter dezoito é estar nas portas de entrada da maturidade, maturidade esta que ainda levará muitos anos para se encampar por completo. Ter dezoito anos é uma oportunidade única na vida, que lhe dá a oportunidade de encontrar a vida cor de rosa. E nem sempre ela é! Ela que viva intensamente, então, os seus dezoitos anos!
Izaura Varella
Advogada e Professora
Em 14 de julho de 2.019