“Escolha um dia de vento e suba numa montanha com um saco de penas. E do alto jogue as penas ao vento e deixem que elas tomem o rumo que o vento lhes der. Depois desça da montanha e procure juntar as penas jogadas ao vento e veja quantas será capaz de juntar… Assim é o resultado da injúria, a ingratidão, a infâmia, a difamação.”
É impressionante como o ser humano é capaz de converter ações de mérito em castigo. Somos feitos da massa sórdida, que mesmo amassada pela vida, a massa não cresce, é dura, insensível e escura. Antes do ser humano fazer uma crítica é necessário descer ao fundo das razões que o incomodaram. Mas quem faz isto? É mais fácil desabafar na injúria, do que perdoar, é mais fácil escrever o que o seu lado cruel dita, do que sentir a dor do outro. É mais fácil apontar o dedo, como fizeram com Jesus na multidão: “é Ele”, do que perguntar a razão Dele estar aí. Como é difícil fazer o bem ao outro, mesmo que se faça no silêncio, porque fazer o bem não necessita de propaganda. De repente a turba violenta se acha cheia de ódio e ataca como lobos famintos a honra de alguém, e no fundo a motivação sempre é o dinheiro. Ele tem mais que eu tenho, raivosos gritam. Atrás de toda ação beneficente há uma doação imensa, porque você não pode somente ouvir o choro e o reclamo de alguém, pois, para ter justiça, você tem que ir em busca do consolo para outrem, e de outrem que não faz parte do seu relacionamento pessoal, mas faz parte do plano de Deus. É necessário enxugar a lágrima daquela mãe que esperou tanto de seu filho e que lhe deu uma punhalada de drogas, esta mãe precisa de consolo e não há dinheiro que pague isto. É preciso ouvir o lamento daquele presidiário, para sentir o que corre por sua alma doente e ir em busca de um emprego para salvá-lo. Mas estas boas ações incomodam aqueles que tem não disposição para fazê-las.
Nesta sociedade injusta, até fazer o bem incomoda os demais. Quando se busca o dinheiro tão somente não há muros, não há limites, não há respeito pelo outro, o que vale tão somente é própria ânsia de ganhar míseros proventos, mas o dinheiro é a máquina que move o mundo dos obcecados. Para mover o ódio que o dinheiro trás usa-se de todas as habilidades possíveis, até atingir a honra daquele que sequer nunca incomodou os demais. Mas, a interpretação daquele que lidera é: “preciso fazer cumprir o meu plano de vaidade pessoal, e vou procurar dar os centavos que querem e me assediam para tê-los..”. E aí ele se depara com o reconhecimento dos demais, que enxergam a boa obra daquele que ele feriu, e reconhece quão tolo foi ao avançar o sinal, quão infantil demonstrou ser quando não soube por limites em seus soldados, somente por sua ânsia de ser aplaudido e admirado. Soldados infiéis que certamente, vão desertar na primeira chamada para a guerra. Resta-me pena daqueles que apesar de tantos bons exemplos que tiveram não conseguiram ainda amadurecer e aí o amadurecimento só será feito com a presença da dor e com a dor vem o arrependimento, mas talvez já não seja mais remédio eficaz para curar a dor que causou.
Izaura Varella