Negligenciado, estima-se que metade das residências brasileiras não possua aterramento elétrico com um dos terminais de um dispositivo ligado a terra para proteção contra descargas atmosféricas (raios), ou fugas de corrente – aquelas inerentes ao próprio funcionamento de um equipamento eletroeletrônico. O perigo da falta do sistema de aterramento está nas grandes variações de tensão – ocorrências comuns na rede elétrica -, que podem provocar a queima de máquinas e equipamentos que dependam de uma fonte de energia conectada à tomada e nos acidentes com eletricidade, colocando em risco a vida do usuário.
Segundo o especialista Hilton Moreno, engenheiro eletricista consultor do Procobre (Instituto Brasileiro do Cobre), o aterramento é o caminho natural e seguro para a circulação de correntes de fuga e descargas atmosféricas. Na ausência do sistema de aterramento, aumenta muito o risco de uma pessoa sofrer as consequências de um choque elétrico, os aparelhos queimarem ou a edificação ser danificada pela queda de um raio.
“Todo equipamento com carcaça metálica, industrial ou doméstico – a exemplo de fogões, geladeiras, computadores, fornos elétricos, micro-ondas – pode sofrer uma falha e perder a isolação. Nesse caso, a carcaça metálica, uma vez energizada, ocasiona o choque,” alerta Moreno.
O TERCEIRO PINO DA TOMADA
Chamado de terminal de aterramento, ou popularmente “pino de terra”, o terceiro pino da tomada residencial é um dos elementos da instalação que deve ser ligado ao sistema de aterramento da edificação. Um condutor de proteção (“fio terra”) é o responsável pela ligação do terminal de aterramento até o chamado eletrodo de aterramento. Este, por sua vez, é um elemento metálico, geralmente de cobre, que fica em contato direto com o solo e serve para encaminhar a eletricidade para esse meio, garantindo assim a proteção das pessoas e do patrimônio.
“O uso obrigatório da tomada de três pinos, em 2011, determinado pelo Inmetro – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia – segue a norma técnica ABNT NBR 14136 e contempla o sistema de aterramento. Isso, no entanto, não foi suficiente para que os proprietários de imóveis, especialmente mais antigos, renovassem suas instalações”, diz o especialista.
Além do fato de o aterramento não ser condição necessária para um equipamento funcionar, para o consultor do Procobre, o desconhecimento pelos proprietários dos imóveis e, não raras vezes, pelos próprios profissionais da área elétrica sobre os riscos relacionados à falta de aterramento é um fator limitante para a adequação das edificações.
Vale lembrar que sem conexão com o sistema de aterramento, a existência do terceiro pino da tomada, e até mesmo do fio terra, é incapaz de produzir o efeito de segurança pretendido.
ATERRAMENTO PODE MINIMIZAR OS EFEITOS DE UM CURTO-CIRCUITO
O superaquecimento dos cabos – condutores de eletricidade – pode provocar um curto-circuito, derreter a camada isolante dos fios e produzir desde a queima de equipamentos a incêndios de grandes proporções.
A maioria dos curtos-circuitos acontece quando há aumento da intensidade da corrente elétrica e a grande energia liberada, conduzida pelo fase (condutor energizado), precisa chegar a terra. Nesses casos, a existência de um sistema de aterramento eficaz fornece um caminho seguro para a circulação de grandes correntes elétricas, reduzindo os efeitos decorrentes da falha, evitando, inclusive, os incêndios, afirma Moreno.
CHUVAS DE VERÃO
A interrupção no fornecimento de energia por parte das concessionárias é recorrente durante o verão, quando temporais com raios, ventos fortes e queda de granizo são bastante comuns.
Para os aparelhos eletroeletrônicos, o aterramento também é importante para evitar queimas em decorrência de variações de tensão, que podem atingir milhares de volts dentro das instalações. “Um dispositivo de proteção contra surtos (DPS), capaz de detectar anomalias na tensão elétrica, deve ser ligado ao fio terra, para direcionar as elevações bruscas de tensão para o sistema de aterramento e inibir as queimas dos eletrodomésticos”, alerta Moreno.
“A utilização correta de dispositivo DPS, em conjunto com um sistema de aterramento adequado, é muito eficaz para a diminuição das queimas de componentes e aparelhos nessa época de chuvas com raios”, assegura o consultor do Procobre.
CHOQUES ELÉTRICOS
Outro dispositivo de segurança que deve ser conectado ao condutor terra, a fim de detectar e eliminar falhas de isolação, é o DR – dispositivo diferencial residual. Isso irá proteger o usuário contra choques elétricos quando em contato com partes metálicas energizadas de equipamentos elétricos.
“Nesses casos, o aterramento também ajuda a proteger as pessoas e os equipamentos contra os efeitos de raios, por proporcionar um caminho de fácil escoamento para a descarga atmosférica e contribuir para o funcionamento adequado de dispositivos de segurança, como o DPS e o DR”, sentencia Moreno.
SOBRE O PROCOBRE
O Instituto Brasileiro do Cobre (Procobre) é uma instituição sem fins lucrativos que faz parte da Internacional Copper Association (ICA), líder mundial na promoção do cobre, metal que sempre se fez presente na evolução das civilizações. O Procobre tem como missão gerar demandas para os produtos de cobre, difundir informações sobre os atributos técnicos e científicos do material, identificar contribuições do cobre para a formação e preservação da vida, fomentar pesquisas, desenvolver processos e produtos tecnológicos e criar novos usos para o metal. Seus dois maiores desafios são posicionar a indústria do cobre como um setor fundamental para responder às demandas da sociedade e disseminar informação sobre esse metal que atende às preocupações do desenvolvimento sustentável. Site: www.procobre.org
Fonte: Expressão das Letras Soluções Integradas em Comunicação