Reflexo do momento econômico pelo qual passa o país, a busca por linhas de financiamento para o setor produtivo apresentou mudança entre os anos de 2015 e 2016. Em 2015, apenas 10% das indústrias buscavam linhas de crédito para capital de giro. No ano seguinte, o percentual passou a 30%. Por outro lado, a procura por linhas para realizar reformas e ou ampliar instalações representava, em 2015, 30% dos atendimentos realizados. Na comparação com 2016, o índice baixou para 15%. O mesmo aconteceu com o capital destinado para a aquisição de máquinas e equipamentos que de 25% passou a 15%. A busca por crédito para inovação e por meio do cartão BNDES se manteve estável, com 10% e 20% dos atendimentos, respectivamente.
Os dados foram consolidados pelo Sistema Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) e consideram mais de 500 atendimentos realizados para orientar os industriais para a busca das linhas mais adequadas ao seu perfil e necessidade.
O gerente de economia, Desenvolvimento e Fomento da Fiep, Marcelo Percicotti, acredita que no primeiro semestre de 2015, quando a busca por reformas e para aquisição de máquinas somavam 55% dos atendimentos, ainda havia uma propensão do industrial a investir. “Já em 2016, a procura pelo crédito para ampliar as instalações ou a capacidade produtiva corresponderam a 30% dos atendimentos. Os dados mostram que o industrial, em função da instabilidade no ambiente de negócios, recuou os investimentos. Com a acentuação da crise, a receita diminui, os custos continuaram os mesmos e a demanda por giro aumentou consideravelmente”, analisa.
CRÉDITO – O financiamento quando utilizado com critério impulsiona a atividade produtiva. A Fiasul Indústria de Fios, com sede em Toledo, no Oeste do Paraná, soube fazer isso e o crédito foi a diferença entre manter-se no mercado e fechar as portas. “Dificilmente conseguiríamos continuar ativos sem o acesso ao financiamento”, afirma Rainer Zielasko, CEO da empresa, que produz fios de algodão para a indústria de confecção. Ele conta que em 2014 uma das duas unidades fabris foi destruída por um incêndio.
“Vínhamos numa curva ascendente de produção e emprego nos últimos 20 anos, mas após o incêndio atravessamos um período muito complicado”, lembra. Segundo o executivo, as consequências da destruição da fábrica foram agravadas pela retração da demanda, motivada pela crise, e pelo aumento do custo da produção, devido à elevação do preço da energia elétrica. “2015 foi o mais recessivo dos últimos anos para o setor têxtil”, lembra.
Embora o seguro tenha coberto 90% do prejuízo provocado pelo incêndio, a Fiasul precisava recorrer ao crédito para buscar os outros 10% e para capital de giro. “Neste momento percebemos os bancos comerciais mais reticentes, mas algumas instituições financeiras continuaram acreditando na Fiasul e a Fomento Paraná foi uma delas. A agência financiou R$ 5 milhões, via BNDES, para a aquisição de máquinas e equipamentos e outros R$ 3 milhões para capital de giro”, conta Zielasko.
Segundo o executivo, além de carência de seis meses, o prazo para pagamento mais alongado, de 60 meses e a taxa de juro menor, de 9,26% ao ano, são diferenciais importantes desta linha de crédito. “Se fosse em banco comercial, não haveria carência, o prazo seria de, no máximo, 36 meses e o juro de cerca de 19% ao ano”, compara.
Após a reconstrução da fábrica e o acesso ao crédito, a Fiasul, que já era a maior indústria de fiação do Paraná, passa a ser a mais moderna da América Latina. As máquinas, de última geração, importadas da Alemanha para completar a unidade fabril chegam em setembro e, com isso, ainda este ano a empresa volta a trabalhar em três turnos, com a contratação de 20 novos trabalhadores e uma elevação de cerca de 30% na produção. “Passaremos a contar com 620 colaboradores e a produzir 1,6 mil toneladas de fio por mês”, informa Zielasko, ressaltando que o acesso ao crédito é fundamental para a atividade industrial.
Texto: Ascom Fiep
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