Entidades das áreas da Saúde, Assistência Social, Educação e do Judiciário interligadas e compartilhando recursos. Esta é a proposta da Prefeitura de Cianorte, apresentada pela Secretaria Municipal de Saúde, para combater possíveis casos de automutilação e tentativas de suicídio entre crianças e adolescentes que, sujeitos aos estímulos do “Jogo Baleia Azul”, geram grande preocupação e demandam cuidados específicos.
O trabalho em rede, bem como um plano de enfrentamento, foram traçados na manhã de ontem (24), na sede do Centro de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil (Caps I), em reunião com representantes de diversos órgãos que, após explanação do médico especialista em Psiquiatria, Raphael Mascarenhas, e análise das contramedidas realizadas no Brasil e da Nota Técnica emitida pelo Governo do Paraná, debateram o assunto e fixaram um protocolo.
“Nossa rede de proteção envolve família, escola, Conselho Tutelar, Ministério Público, Polícia, unidades de saúde, centros de assistência social e de atendimento psicossocial. Assim, com base nas experiências e potencialidades de cada entidade, estabelecemos um protocolo de ação, definindo a atuação de cada uma na prevenção e atendimento de casos”, contou a secretária municipal de Saúde, Michelly Viguiato Pricinotto.
“Quando há suspeita ou comprovação do aliciamento de menores para participação no ‘Baleia Azul’ ou similares, bem como a necessidade de auxílio para crianças e adolescentes, o primeiro passo é acionar o Conselho Tutelar ou o Caps I. Já para as emergências médicas, é preciso ligar para o SAMU ou procurar a UPA. Além disso, denúncias anônimas também podem ser feitas pelo Disque 100. Todos estes órgãos estão capacitados para providenciar o encaminhamento adequado de acordo com cada caso”, explicou a coordenadora do Caps, Marlene Bataglia.
O Conselho Tutelar tem sede na Rua Abolição, nº 444, e atende pelos telefones 3629-4141 e 99126-9377. Já o Caps I está localizado na Rua Ipiranga, nº 84, e atende pelos telefones 3631-8960 e 99105-0243. O SAMU deve ser acionado pelo 192 e a UPA funciona 24 horas na Avenida Piauí, nº 201.
ENGAJAMENTO – Uma das ações de cunho preventivo elaborada pela mobilização é a realização de um trabalho junto às escolas municipais e estaduais, bem como a rede particular de ensino, para orientar profissionais, alunos e pais. Para isso, uma capacitação para diretores, pedagogos, psicopedagogos e psicólogos das instituições de ensino da Comarca de Cianorte acontece nesta quinta-feira (27). “Nosso propósito é de torná-los multiplicadores das informações dentro de suas comunidades escolares, procedendo à orientação de seus educadores e professores para a identificação e encaminhamento adequado de possíveis casos, bem como alertando pais e alunos sobre o uso da internet e a vulnerabilidade”, destaca a promotora da Vara de Infância e Juventude, Elaine Cristina de Lima.
SOFRIMENTO – Segundo o médico do Caps I, Raphael Mascarenhas, especialista em Psiquiatria, a adolescência é um período difícil da vida, marcado por importantes mudanças biológicas, sociais e familiares, no qual todos os sentimentos são intensos e não devem ser ignorados. “O primeiro passo para combater atos como os do ‘Jogo Baleia Azul’ é não tratar o sofrimento juvenil de maneira simplista e preconceituosa. Quando o adolescente sofre, independente do motivo, para ele, é muito doloroso”, salienta.
Para o especialista, esta condição, bem como estruturas e contextos familiares conflituosos, bullying, depressão, ansiedade, abusos morais, violência sexual e negligência são os principais fatos que desencadeiam atos autodestrutivos e, assim, pais e pessoas próximas do adolescente devem estar atentos ao seu comportamento, principalmente na internet e redes sociais, e procurar por ajuda caso apresente algum dos seguintes sinais:
- Preferir ficar sozinho e evitar contato com familiares;
- Uso de roupas que cobrem a maior parte do corpo, em desacordo com o clima da estação (podem esconder sinais de automutilação, como cortes e escoriações);
- Sinais de cortes pelo corpo, especialmente nos braços e pernas ou qualquer outro ferimento suspeito de ter sido autoprovocado;
- Falar abertamente sobre querer morrer;
- Praticar despedidas ou ter desapego de pessoas ou objetos significativos;
- Desinteresse por atividades das quais gostava;
- Demonstração de medo extremo e repentino;
- Hábitos noturnos, especialmente nas madrugadas (internet, celular);
- Falta de atenção às atividades básicas, como higiene, alimentação, e desempenho escolar.Texto e foto: Ascom PMC
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