Analfabetismo em Terras Indígenas Cai, Mas Ainda Afeta 20,8% da População

Censo 2022 revela avanços na educação, mas discrepâncias persistem em relação à média nacional.

Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (19) mostram uma queda expressiva na taxa de analfabetismo entre residentes de terras indígenas com 15 anos ou mais. Em 2010, 32,3% dessas pessoas eram analfabetas. No Censo 2022, o índice caiu para 20,8%, representando uma redução de 11,4 pontos percentuais em 12 anos.

Apesar dos avanços, o cenário continua preocupante. Atualmente, um em cada cinco residentes de terras indígenas ainda não sabe ler e escrever. Para efeito de comparação, a taxa de analfabetismo da população brasileira como um todo é de 7%, quase três vezes menor.

O IBGE considera alfabetizadas as pessoas que conseguem ler e escrever um bilhete simples, seja em português ou em línguas indígenas. A queda expressiva na taxa de analfabetismo em terras indígenas é um reflexo de esforços voltados à educação, mas também expõe a necessidade de políticas públicas mais eficazes para reduzir as desigualdades.

Redução em Ritmo Acelerado

A redução do analfabetismo nas terras indígenas foi bem mais rápida do que a observada na média nacional. Enquanto o índice indígena caiu 11,4 pontos percentuais entre 2010 e 2022, a taxa geral do Brasil caiu apenas 2,6 pontos no mesmo período, passando de 9,6% para 7%.

O cenário também melhorou para todos os indígenas do país, incluindo aqueles que não vivem em terras indígenas. Nessa população, a taxa de analfabetismo caiu de 23,4% para 15,05% entre 2010 e 2022, uma redução de 8,35 pontos percentuais.

Desafios Além da Educação

Os dados do IBGE também revelaram desafios além da alfabetização. Indígenas que vivem em áreas urbanizadas enfrentam mais dificuldades em infraestrutura básica em comparação com outros moradores das mesmas localidades.

  • Acesso à água: 10,08% dos indígenas urbanos vivem em situação de precariedade no fornecimento de água, uma taxa 3,7 vezes maior do que a média nacional urbana de 2,72%.
  • Esgotamento sanitário: 40,76% dos indígenas em áreas urbanas têm problemas relacionados ao saneamento básico, mais do que o dobro da média nacional de 16,95%.

Essas dificuldades apontam para a necessidade de ampliar investimentos em infraestrutura e serviços públicos voltados a comunidades indígenas.

Impacto do Censo na Formulação de Políticas Públicas

O Censo Demográfico, realizado a cada 10 anos, é a principal fonte de dados para orientar políticas públicas e decisões de alocação de recursos financeiros no Brasil. Originalmente previsto para 2020, o Censo 2022 foi adiado devido à pandemia de covid-19 e a limitações orçamentárias.

Os dados apresentados reforçam a importância de continuar monitorando e combatendo as desigualdades enfrentadas pelas populações indígenas, especialmente no que diz respeito à educação e ao acesso a serviços básicos.

Fontes: Agência Brasil, IBGE.