
Procedimento inovador reduz crises em pacientes com epilepsia refratária e melhora qualidade de vida
O Dia Mundial de Conscientização Sobre a Epilepsia, celebrado em 26 de março, reforça a importância do debate sobre essa condição neurológica crônica, que afeta cerca de 50 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre os tratamentos mais promissores para pacientes com epilepsia refratária está a Estimulação Cerebral Profunda (DBS – Deep Brain Stimulation), uma tecnologia cirúrgica que tem revolucionado o controle das crises.
Como funciona a DBS no tratamento da epilepsia?
A epilepsia ocorre devido a descargas elétricas anormais no cérebro, provocando crises que variam de convulsões generalizadas a episódios mais discretos, como movimentos involuntários ou perdas momentâneas de consciência. Cerca de 70% dos pacientes controlam as crises com medicamentos, mas para aqueles com epilepsia refratária, a DBS surge como uma alternativa eficaz.
A técnica consiste na implantação de eletrodos em áreas específicas do cérebro, como o núcleo talâmico ou o hipocampo, conectados a um neuroestimulador. Esse dispositivo emite impulsos elétricos controlados para modular a atividade neural e bloquear os sinais anormais que desencadeiam as crises epilépticas.
“Esse procedimento tem demonstrado eficácia na redução da frequência e intensidade das crises, proporcionando melhor qualidade de vida aos pacientes com efeitos adversos mínimos”, explica o neurocirurgião Dr. Marcelo Valadares, pesquisador da Unicamp e especialista em neurocirurgia funcional.
O impacto social da epilepsia e a importância da conscientização
A epilepsia ainda é cercada por estigmas e desinformação. Metade dos pacientes enfrentará algum tipo de discriminação ao longo da vida. As causas da doença são diversas, incluindo fatores genéticos, lesões cerebrais, infecções como meningite e encefalite, além de doenças neurodegenerativas como Alzheimer e Parkinson.
Saber como agir durante uma crise epiléptica pode salvar vidas. É fundamental afastar objetos perigosos, posicionar a pessoa de lado e aguardar o fim da crise, que geralmente dura até três minutos. Não se deve tentar conter os movimentos do paciente nem colocar objetos na boca.
Avanços científicos e perspectivas futuras
Pesquisas sobre a DBS vêm sendo aprofundadas ao longo dos anos. Um estudo publicado na revista Epilepsia mostrou resultados promissores na redução de crises em pacientes com epilepsia resistente a medicamentos. Além disso, uma revisão sistemática recente destacou o aumento da eficácia da técnica ao longo do tempo.
Com os avanços tecnológicos e o aprimoramento das técnicas cirúrgicas, a Estimulação Cerebral Profunda se consolida como uma opção inovadora para melhorar a vida de milhares de pessoas que enfrentam a epilepsia severa.
Fonte: Organização Mundial da Saúde (OMS), Epilepsia, Neurosurgical Review