Novo sistema usa inteligência artificial para reduzir biópsias desnecessárias, alcançando 85% de acerto em testes globais.
O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens, com cerca de 1,5 milhão de diagnósticos em 2022 no mundo. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima 72 mil novos casos anuais entre 2023 e 2025, consolidando-o como o segundo tipo mais frequente, atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Apesar da alta incidência, nem todos os casos representam risco à saúde, pois o desenvolvimento lento de alguns tumores reduz significativamente a ameaça.
Atualmente, a decisão de realizar biópsias — procedimentos invasivos utilizados para diagnosticar casos mais graves — baseia-se em exames clínicos como o PSA (antígeno prostático específico) e o toque retal. Contudo, esses métodos frequentemente levam à realização de biópsias desnecessárias, que geram desconforto ao paciente e aumentam os custos no sistema de saúde.
Pensando em melhorar a precisão do diagnóstico, um grupo de pesquisadores desenvolveu um modelo preditivo de aprendizado de máquina capaz de identificar casos de câncer de próstata clinicamente significativos, reduzindo a necessidade de procedimentos invasivos.
Tecnologia que personaliza o tratamento
Flávio Vasconcelos Ordones, urologista do Hospital Público de Tauranga, na Nova Zelândia, e Luís Gustavo Modelli de Andrade, coordenador do LabData no Hospital das Clínicas de Botucatu (HCFMB), lideraram o projeto. O modelo foi treinado com dados de 1.272 pacientes submetidos a biópsias em hospitais da Nova Zelândia, Austrália e Suíça entre 2022 e 2024.
Segundo os pesquisadores, a diversidade de dados — com pacientes de diferentes nacionalidades — é um diferencial importante, garantindo que o sistema funcione para populações variadas. O modelo combina informações pessoais dos pacientes com resultados clínicos, como níveis de PSA e dados de exames de imagem, para calcular o risco de câncer agressivo.
“O objetivo é auxiliar os médicos a identificar os pacientes que realmente precisam de biópsias, evitando procedimentos desnecessários e oferecendo uma abordagem personalizada”, explica Modelli.
Resultados promissores e impacto na saúde pública
Os testes iniciais do modelo apresentaram 85% de acerto na identificação de casos significativos, uma taxa promissora para o uso da inteligência artificial em diagnósticos médicos. A tecnologia pode representar uma economia significativa para os sistemas de saúde ao diminuir custos com exames invasivos e focar em pacientes que realmente necessitam de acompanhamento intensivo.
Com o artigo publicado na revista científica Urology, a equipe espera que a inovação inspire novas pesquisas e colaborações globais para tornar o diagnóstico de câncer de próstata mais eficiente e menos traumático para os pacientes.
Avanços e perspectivas futuras
A integração da inteligência artificial à medicina personalizada aponta para um futuro em que a tomada de decisões clínicas será cada vez mais fundamentada em dados precisos. Modelos como o desenvolvido pelo HCFMB e seus parceiros internacionais podem não apenas revolucionar o tratamento do câncer de próstata, mas também ser adaptados para outras doenças.
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Fonte: Revista Urology.