
O prefeito de Cianorte, Claudemir Bongiorno (foto), faz um balanço da sua primeira gestão entre 2013 e 2016.
Na entrevista exclusiva ao jornal Folha de Cianorte ele também anuncia obras que estão previstas para a segunda gestão entre 2017 e 2020.
Bongiorno foi reeleito nas eleições do ano passado com 19.455 votos (sendo 48,9% dos votos válidos).
Ele revela que se tivesse que decidir seu futuro político hoje, provavelmente não seguiria na política após 2020.
Mas que quer cumprir seu segundo mandato na prefeitura com excelência, com obras que ficarão para sempre na cidade e beneficiarão a população. Ele citou iniciativas no trânsito, saúde, tributação, segurança, planejamento, entre outros.
Confira a seguir:
ENTREVISTA
FOLHA DE CIANORTE – Qual balanço da sua primeira gestão?
BONGIORNO – Precisamos ser bem coerentes e mais honestos possível. Eu acho que a gente sempre tem algo mais para fazer e se doar. Mas, diante da situação que vive o Brasil e o Paraná, acho que Cianorte se superou. Acho que fizemos uma gestão no sistema privado, que fugiu um pouco da pública. Por isso, foi possível concretizar várias obras, sendo que algumas sequer estavam no meu plano de governo. E 95% do que coloquei no meu plano de governo consegui concluir. E o mais importante: vamos terminar o ano financeiramente zerado. Ou seja, zero de dívida e zero de recurso. É um grande feito no momento que vivemos. Acho que foi positivo. Fizemos muitas obras que estão aos olhos de todos. Não são obras inacabadas, feitas para eleição, para ganhar voto. São obras bonitas e bem feitas. E continuamos. Estamos fazendo recape em dezembro! Ainda estamos trabalhando na segunda quinzena de dezembro e com recurso próprio.
Quais setores o senhor destaca que houve melhorias?
Evoluímos muito, na educação, na saúde, na segurança pública. Nós não tínhamos muitos policiais, não tinha a SubDivisão da Polícia Civil, não tinha a Companhia Independente da Polícia Militar, a Delegacia da Mulher… olha a evolução nesse sentido. Hoje você vai nas ruas e tem policiais protegendo o comércio, os clientes. Isso é muito positivo. Por esses exemplos de outros setores também é que conseguimos ser bem votados e reeleitos.
Quais podem ser as diferenças entre administrar numa primeira gestão para uma segunda?
Tem quem diz que no segundo mandato o prefeito não faz nada, fica acomodado. Se a gente aceitar esse conceito, pode acontecer. Mas eu não sou assim. Eu quero ser desafiado todos os dias. Para mim será indiferente. Vivo como se amanhã fosse o último dia da minha vida. O que puder fazer amanhã não vou deixar para daqui quatro anos. Como fiz no primeiro mandato. No primeiro mês já estava abaixando a tarifa do transporte coletivo. Eu tenho uma lista de duas páginas de obras que eu quero concluir agora no segundo mandato. Cianorte continuará se transformando. E agora eu estou mais experiente na gestão. Antes nós tivemos muitas dificuldades com o servidor. Porque quando chefia ou lidera, até os subordinados perceberam a sua sistemática, mesmo que não seja a melhor, tem que ser dominante. Ou seja, a última palavra é a de quem está acima na hierarquia. Acho que conquistamos bastante os colegas de trabalho que compartilham a nossa ideia. Porque essas ideias deram certo. Nisso eu terei mais tranquilidade porque os setores vão caminhar melhor e teremos mais tempo para pensar e trabalhar. Temos que ter tranquilidade que as secretarias estejam caminhando sozinhas. E isso me dá liberdade para pensar coisas novas.
Qual foi a sua marca ou perfil nessa gestão?
Eu sou investidor! Quando entrei na prefeitura pensava muito em obras. Mas não imaginava deparar com a Saúde, desculpe o termo, podre, falida em Cianorte! Então não teve alternativa porque tirar a dor das pessoas é prioridade. Eu procurei aprender o que é saúde pública. Eu não tinha acesso ao miolo da saúde, conhecia só externamente. Aí entrei de cabeça em projetos, leis, … acho que a minha marca vai ficar como o prefeito que melhorou a Saúde, que já falaram isso para mim. E também como prefeito gestor. Poucos municípios tem um prefeito com o pulso firme que eu tenho, sou meio encardido mesmo. Não faço nada para prejudicar ninguém. Faço tudo para que cada um se condicione no seu lugar e faça o que se propuseram fazer. Se passou no concurso e não é o que quer fazer, o prefeito e a sociedade não tem culpa. Ou procura outra alternativa ou enquanto estiver aqui, tem que honrar o seu salário e o espaço que ocupa. Enquanto tiver comendo e bebendo da prefeitura, tem obrigação de honrar. Isso foi um diferencial. Os funcionários da prefeitura, até médicos, hoje batem ponto, e estão uniformizados. A prefeitura hoje tem outra cara administrativa e positiva.
Se o senhor não tivesse tomado a iniciativa pessoal em recuperar a Santa Casa o que teria acontecido?
Ela ia fechar! Teríamos que transportar todos os nossos pacientes para cidades vizinhas e Curitiba. Imagina o caos que seria isso. Primeiro teria gasto para nós e um transtorno para os pacientes e familiares. Eu não me arrependo em nada do que fiz. Por isso estou gastando um absurdo de dinheiro na UPA. Porque eu serei lembrado que a nossa gestão salvou a Santa Casa, também que a equipe do prefeito Bongiorno montou a UPA. E isso é um orgulho e não vaidade. A UPA é modelo e funciona. Tem até quem reclama, mas o problema está dentro dessas pessoas que querem desabafar em alguém. E desabafa em quem está no poder. Mas, se for para o bem das pessoas eu aceito crítica, mas não ofensa. Por isso vamos continuar firmes na Saúde, com muito dinheiro e gestão. Por isso eu vou pessoalmente lá, acompanho relatórios, eu quero ajudar assim.
Qual sua expectativa com o novo quadro na Câmara de Vereadores?
Tivemos uma relação muito boa com os vereadores. Porque não mandamos projetos polêmicos, para prejudicar a população. Sempre discutimos os projetos antes. Tivemos um bom diálogo. Podemos ter mais dificuldade agora, pode ter vereador com mais vaidade que supera a realidade. Mas, ao longo do período, quem tem uma imagem minha, que não me conhecem direito, vai perceber que só faço o bem para Cianorte. Espero ter uma boa relação de trabalho. Mas que não pensem em daqui quatro anos porque a sociedade não quer nem saber de político. Ainda mais em quem pensa daqui quatro anos.
Teve conta de água, moradia rural, tarifa do transporte público… quem tem uma situação financeira melhor, não faz ideia dessas ações para os mais carentes. Por que o senhor se preocupa com essas situações?
Isso é interessante… não é só quem tem mais poder aquisitivo. Até quem paga essas tarifas mais baratas também não valoriza. Porque existe um conceito no Brasil de que o poder público tem que fazer mesmo. Agora poder fazer, ter recurso, é outra história. Agora não vou conseguir nos próximos quatro anos deixar a passagem a R$ 2,20. Vai ter que reajustar porque eu não consigo pagar tanta diferença nesse período. A água solidária eu vou manter.
A prefeitura de Cianorte precisa lidar com a inadimplência dos contribuintes que já vem de outras gestões. O senhor vai abordar isso de outra maneira na próxima gestão?
O que eu vou fazer é executar. A lei determina isso. Não pretendo fazer Refis. Nós já temos experiência com isso nesse mandato. Fizemos o Refis e as pessoas vieram aqui, parcelaram em 36 parcelas. Paga a entrada, regulariza a situação dele e não volta mais. Ao invés de executar uma vez que era o que ele devia, eu tenho que executar as mais de 30 parcelas que ele fez. Além de não receber, criamos um problema enorme pro Financeiro. Temos 70% da sociedade que acabam pagando os impostos. E daí favorece os 30% que não pagam. Será que é correto? O benefício tem que ser para a maioria. Reconheço que desses R$ 13 milhões que temos para receber, muitas dessas pessoas não podem pagar. Mas, mais da metade tem cinco, seis imóveis e estão aguardando um Refis para serem favorecidos. Talvez eu até faça um Refis para quem tem um imóvel e dar desconto para pagar à vista.
A municipalização do trânsito começou a ser estudada em 2013. Por que ela não foi implantada na primeira gestão?
É bem complicado. Cidade da região ficou se batendo dez anos, implantou e não deu certo. Todo ano tem uma evolução tecnológica. Se tivéssemos feito antes, teríamos que rever agora. Já temos relatórios, já fomos para Curitiba e vamos tentar implantar no final de 2017. Também queremos fazer algo para não pesar pros usuários, que não seja caro. Imagine numa crise dessa ter mais isso para pagar. Você anda no centro da cidade tá lotado de carro, mas passa nos estacionamentos estão vazios. As pessoas não querem andar um quarteirão ou dois, querem parar na frente da loja. Não vai salvar a pátria, mas melhora um pouco. Estamos melhorando no trânsito. Os carros parando pros pedestres atravessarem. Melhoramos na educação de trânsito. Estamos melhorando a sinalização na cidade. Já fizemos muitas coisas importantes pra chegar na municipalização. Mas, só nessa primeira gestão, foram emplacados 20 mil veículos. Imagina isso em só quatro anos! E se for mais 20 mil nesses quatro anos?!?… só se por um carro em cima do outro… esse é o desafio da gestão em mobilidade urbana.
Quais devem ser as principais obras na próxima gestão?
Temos alguns problema crônicos. A linha ferrea no Seis Conjuntos, aquele buracão temos que eliminar. Cianorte só tem 1,2% sem asfalto e eu quero zerar. A praça dos Picaretas é horrível! Cianorte não merece! Vamos fazer uma praça bonita. Também vamos investir na praça da Feira do Produtor. Vamos construir o Centro de Especialidades, ao lado da UPA. Vamos fazer duas escolas. Postos de Saúde. A Zona 2 que é antiga não era contemplada e agora vai receber obras. Vamos fazer um complexo esportivo no João Bola. Terá a avenida que sai do Mercado Paraná e vai até o Seis Conjuntos, que vai desafogar a avenida América. Vamos fazer obras importantes que ficarão para sempre.
O senhor recebeu prêmio como prefeito e foi reeleito. O que o senhor imagina no seu futuro político?
É difícil responder isso. Se fosse hoje, eu ia encerrar. Porque o momento que vive o político brasileiro é muito difícil. Daqui quatro anos não tem eleição para mim. Teria que esperar mais dois anos se quisesse tentar ser deputado. Não penso nisso. Se depender da família, acho que eles querem que eu fique na Avenorte, curtir a vida. Vou fazer como na música do Zeca Pagodinho… “deixa a vida me levar…”, Deus deve ter um plano pra mim. Eu nunca imaginava ser prefeito. Acontece cada coisa na nossa vida… hoje é uma coisa e amanhã é outra. O finado Edno [Guimarães] dizia: “Política de dia é uma coisa e de tarde é outra”. Eu quero é fazer esses quatro anos com excelência!
Eleições de Claudemir Bongiorno
PREFEITO
Eleições de 2012 – teve 20.431 votos (51,39%)
Eleições de 2016 – teve 19.455 votos (48,9%)
VEREADOR
Eleições de 1996 – teve 800 votos
Eleições de 2000 – teve 855 votos
Eleições de 2004 – teve 2.249 votos
Texto e fotos: Andye Iore / Folha de Cianorte
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