“A população me acolheu com carinho e respeito”, diz Adrian Morgado

adrian03Ele está há cinco meses no Brasil e diz estar totalmente adaptado. O médico cubano Adrian Morgado (foto), 31 anos, trabalha na Unidade Básica de Saúde (UBS) Alfredo Dalla Costa, no Conjunto Marselha, em Cianorte, dentro do programa federal Mais Médicos.

Enquanto o programa apresenta polêmicas em algumas regiões, inclusive com médicos abandonando a cidade, o caso de Cianorte pode ser usado como exemplo bem sucedido. Adrian Morgado revela se sentir muito útil em sua função e cumpre bem seu papel de profissional da Medicina ajudando a população carente na saúde pública.

A dona de casa Érica Fávero Pereira, 20 anos, já se consultou com o médico cubano duas vezes em Cianorte. A mais recente foi essa semana ao levar o bebê João Emanuel de um mês para uma consulta. Ela disse ter sido bem atendida e elogiou a atenção do médico para com ela e o filho.

Adrian Morgado é especialista em Medicina Geral e Integral, formação segmentada que não tem no Brasil. Ele trabalha no posto de saúde entre segunda e quinta-feira das 7h30 às 11h30 e das 13h30 às 17h. Na sexta-feira faz curso de especialização.

ORIGEM – Adrian Morgado veio de Baracoa, na província de Guantánamo, com uma população aproximada de 82 mil habitantes e fundada em 1511. A cidade cubana é turística, com belas praias, uma intensa vida cultural e economia em torno da agricultura destacando a produção de cacau.

ENTREVISTA

FOLHA DE CINAORTE – Qual avaliação que você faz do seu trabalho até agora em Cianorte?
ADRIAN MORGADO – Até agora a população teve boa aceitação pelo meu trabalho. No começo foi mais difícil pelo idioma. Mas as enfermeiras me ajudaram e agora também já estão acostumadas com a maneira como eu falo. Eu faço o possível e as pessoas compreendem bem o que falo. Sinto que a população me acolheu com muito carinho e respeito.

Como tem sido sua rotina de trabalho. Você também trabalha fora do posto de saúde?
Aqui no posto de saúde eu não faço pré-natal porque tem profissionais específicos para isso. Mas cuido de criança, adulto e idoso. No que precisar, estou aqui para atender. Eu também visito famílias que tem pacientes que não tem como chegar ao posto de saúde. Eu visito, vejo como está. Todas as semanas têm essas visitas. O agente comunitário faz um acompanhamento também. Um exemplo que posso dar é de um paciente que estava com problemas no coração e pulmão e havia acabado de sair do hospital. Eu o acompanhei por 21 dias. Agora ele está bem, está na cadeira de rodas, mas já sai para a rua, vai na igreja. A família me agradeceu bastante.

O que você costuma fazer fora do trabalho, no lazer?
Nos finais de semana eu encontro outros médicos de Cuba que estão trabalhando pela região. Somos em 11 médicos cubanos por aqui. Além disso, eu vou na academia de ginástica, falo com a família em Cuba pela internet, fico no apartamento vendo filmes de ação e jogos de basebol, basquete e também boxe.

Quais são as diferenças nos procedimentos médicos entre Brasil e Cuba?
Aqui eu tenho que me inserir na forma de trabalho do Brasil. Mas a atenção da saúde primária é diferente. Precisamos mudar os critérios da população sobre saúde. Na atenção primária porque a promoção e prevenção ajudam a controlar as doenças. Tomar muitos remédios pode influenciar no final em outras doenças.

Tem algum procedimento que você implantou ou planeja implantar que não tinha aqui?
Estamos conversando sobre palestras para a população. Um dos focos é para as gestantes. Vamos falar sobre amamentação, peso do bebê, fatores de risco, entre outras situações.

Texto e fotos: Andye Iore

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