Pesquisadores descobrem fósseis de pterossauro no PR

Um conjunto de fósseis de uma nova espécie de pterossaurosforam encontrados em Cruzeiro do Oeste

 

- Centenas de ossos, incluindo pelo menos 14 crânios parciais de Caiuajara dobruskii foram descobertos
– Centenas de ossos, incluindo pelo menos 14 crânios parciais de Caiuajara dobruskii foram descobertos

Cientistas do Centro de Paleontologia (Cenpaleo) da Universidade do Contestado em Mafra (SC) e do Museu nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) anunciaram na última quinta-feira (14) a descoberta de uma nova espécie de pterossauro. Os fósseis foram encontrados em Cruzeiro do Oeste.

A descoberta ganhou destaque mundial após ser publicada pelos cientistas na plataforma PlosOne, uma revista científica com acesso livre e disponível online, publicada pela Public Library of Science, que cobre principalmente pesquisas de disciplinas na área da ciência e medicina. O artigo falando da descoberta foi enviado para a PlosOne em março, mas somente agora foi publicada, ganhando destaque no mundo todo. Segundo a matéria – publicada em inglês – os cientistas encontraram, em Cruzeiro do Oeste, um leito ósseo com pelo menos 47 indivíduos da nova espécie de pterossauro, o que lançou uma nova luz sobre vários aspectos biológicos destes répteis voadores.
A nova espécie foi batizada como Caiuajara dobruskii e segundo os pesquisadores se difere, dos pterossauros já conhecidos, em várias características do crânio, incluindo a presença de uma expansão óssea sagital ventral e de características do maxilar inferior, como uma depressão arredondada marcado na concavidade oclusal dentária, ou seja, esses animais não tinham dentes e possuíam um bico voltado para baixo com cristas, tanto na arcada superior como inferior.Os cientistas também acreditam que esta espécie vivia em colônias. A espécie teria vivida no Brasil há cerca de 80 milhões de anos.
A abundância de indivíduos identificados entusiasmou os pesquisadores, já que o material ajudará a responder uma série de perguntas científicas importantes, uma vez que tal concentração de pterossauros só havia sido reportada em outros dois sítios, na Argentina e na China.
Segundo Alexander Kellner, do Museu Nacional, a alta concentração de fósseis de indivíduos garante que todos são da mesma espécie de idades variadas. Sem correr o risco de achar que são espécies diferentes, os cientistas podem aplicar o mesmo princípio ao estudo de vários outros pterossauros. “Pudemos concluir, por exemplo, que esses pterossauros voavam muito precocemente, já que não havia grandes diferenças morfológicas nas proporções dos ossos, exceto na cabeça”, explicou Kellner.
Assinaram o artigo da nova descoberta os cientistas Paulo C. Manzig do Programa de Pós-Graduação IEL-Labjor da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP); Alexander WA Kellner do Laboratório de Sistemática e Tafonomia de vertebrados fósseis do Departamento de Geologia e Paleontologia do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Carlos E. Fragoso da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG); Cristina S. Veja do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR); Gilson B. Guimarães, Luiz C. Godoy e Antonio Liccardo do Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)

NOMECLATURA

Na nomenclatura dada à nova espécie de pterossauro (Caiuajara dobruskii)descoberta em Cruzeiro do Oeste, os cientistas homenagearam o agricultor Alexandre Gustavo Dobruski (falecido em 1986) que em 1971 encontrou a primeira porção de fóssies quando tentava melhorar a estrada rural que dava acesso a sua propriedade.
Apesar do achado ter ocorrido na década de 70, somente em 2011 teve iniciou uma pesquisa mais profunda sobre os fósseis, após a ida do geólogo Paulo Cesar Manzing à Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) para colher material para um livro que ele escrevia sobre museus e fósseis na região sul do Brasil. Na época ele encontrou “esquecido” numa gaveta alguns ossos que foram encaminhados pela família de Dobruski para a Universidade em 1975.
Manzig após a “redescoberta” decidiu incluir Cruzeiro do Oeste em sua pesquisa para o livro. Na cidade ele entrou em contato com a família Dobruski e visitou a área, onde confirmou que o fóssil se tratava de Pteurossauro; o primeiro exemplar da espécie encontrado em terras paranaenses. Desde então iniciaram as pesquisas que concluíram que se tratava de uma espécie ainda não descoberta. A pesquisa foi realizada através de um convênio de cooperação técnica e científica entre a UnC e o Município de Cruzeiro, com projeto de pesquisas autorizado pela autoridade federal do setor, e desde então especialistas do Cenpáleo tem visitado o sítio paleontológico regularmente, com três anos de trabalhos de escavação e coleta de material.
Segundo Luiz Weinschütz, coordenador das pesquisas no Cenpaleo, a área deve conter muito mais fósseis do que os descobertos até agora. “Escavamos 20m² em um sítio que, segundo nossa avaliação, pode ter cerca de 400m²”, disse ele.Cerca de 5 toneladas de material foram retiradas do local. Os fósseis estavam inseridos em camadas de arenito com aproximadamente 1,5 metro de espessura.
Alexandre Kellner ressalta ainda que a descoberta deste sítio arqueológico permite importantes estudos paleontológicos sobre os pterossauros, uma vez que eles são uma espécie de elo perdido entre os vertebrados terrestres e os voadores. De acordo com Kellner, o tamanho do pterossauro variava de 65 centímetros a 2,35 metros de envergadura (distância entre as pontas das asas).

Texto Juliano Secolo com informações da PlosOne; Gazeta do Povo e Prefeitura Municipal de Cruzeiro do Oeste / Fotos: Divulgação

 

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