Morre Jair Rodrigues. Leia entrevista que ele deu para a Folha de Cianorte

jair rodriguesO músico Jair Rodrigues (foto) morreu hoje em sua casa em Cotia (SP). Ele estava com 75 anos e teria morrido de causas naturais. O velório será na Assembleia Legislativa, em São Paulo e o sepultamento está marcado para o Cemitério do Morumbi, amanhã (9).

Jair Rodrigues de Oliveira nasceu em Igarapava (SP), a 6 de fevereiro de 1939. Ele começou a carreira artística no final da década de 1950, gravando seu primeiro disco em 1962 e fez muito sucesso em programas de rádio e televisão. Apesar da idade avançada, Jair Rodrigues seguia com disposição para shows e estava em turnê pelo Brasil divulgando o disco “Samba mesmo”.

Sempre bem humorado, o artista nunca escondeu o orgulho e prazer de poder trabalhar com seus dois filhos Jairzinho e Luciana. Entre os sucessos do cantor estão “Deixa isso pra lá”, “Tristeza”, “Romaria”, “Disparada”, “A majestade o sabiá”, “Chão de estrelas”, “Luar do sertão”, entre outros.

Jair Rodrigues se apresentou em Cianorte, na Virada Cultural, em outubro passado. Ele concedeu uma entrevista exclusiva para o jornal Folha de Cianorte, que registra aqui uma homenagem ao artista reproduzindo partes da entrevista. “Nosso show aí em Cianorte será de muita alegria”, anunciou como sempre atendia as pessoas.

ENTREVISTA
FOLHA DE CIANORTE – Qual é a sua motivação para continuar se apresentando depois de tantos anos de carreira artística?
JAIR RODRIGUES – Tenho 54 anos de carreira. E continuo fazendo shows e também gravando músicas. Essa é a motivação. Estamos terminando um CD novo que foi produzido pelo Jairzinho. Será um CD duplo onde eu canto músicas de Roberto Carlos, Cauby Peixoto, Vinicius de Morais, Tom Jobim. É um disco de samba mais quieto, um pouco regional. Terá 25 músicas, sendo 22 clássicos brasileiros e mais três músicas inéditas.

Quando você começou não havia internet. Você acompanha essas novas tecnologias?
Tenho uma secretária que faz essas coisas. Mas eu também entrei numa escola para aprender. O professor me orientou a ir uma vez por semana… por dez anos para aprender [risos]. A internet tem muita coisa ruim, mas também tem muita coisa boa. Tem gente inteligente que usa ela para o bem. E facilita o nosso trabalho. Tema minha agenda, os meus discos. Tem disco que até eu não lembrava [risos].

Como é para você trabalhar hoje com seus filhos Jair Oliveira e Luciana Mello?
Você não imagina a satisfação e prazer que é. Vi eles crescerem e, graças a Deus, terem o dom da música também. É uma família que trabalha unida e permanece unida. Já trabalho com eles há uns 30 anos. É um amor divino.

Você passou por várias mudanças no mercado fonográfico. Como avalia essas mudanças do vinil pro CD pro MP3 e hoje a volta do vinil ao mercado?
Hoje não adianta lançar discos muito próximos como antes. Hoje é meio obrigatório ficar uns cinco anos sem lançar disco novo. É muito mais difícil de lançar. Os discos ainda vendem, mas não como vendiam antes. As gravadoras também cuidavam da divulgação. E hoje os artistas precisam vender seus discos nos shows também. Eu vendo os meus a preços camaradas [risos].

Você gravou clássicos da música sertaneja. Como você analisa a moda do sertanejo universitário hoje com letras ruins?
Quando eu comecei também tinha música ruim. Pelo menos tinha letra boa [risos]. Hoje falta letra e melodia. É um falatório sem eira nem beira [risos]. Tem até alguns artistas bons. Mas é a lei da sobrevivência, onde são obrigados a fazer esse tipo de coisa. O Brasil tem lugar pra todos esses [risos].

Saiba mais sobre Jair Rodrigues no site oficial do cantor.

Texto: Andye Iore / Foto: diculgação

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