Dor. Comoção. Tristeza. Esse foram os sentimentos que tomaram conta, não só de Cianorte, mas de todo o mundo, na madrugada do dia 29 em Cerro Gordo no município de La Unión, após o acidente aéreo com a delegação da Chapecoense que vitimou 71 pessoas, entre elas o goleiro Marcos Danilo Padilha, ídolo cianortense que defenderia o time catarinense na final da Copa Sulamericada na Colômbia.
Ao longo da semana, por todo o mundo, homenagens foram feitas as vítimas da tragédia. Em Cianorte o clima de luto permaneceu todos dos dias, no aguardo da liberação do corpo do goleiro Danilo, ídolo nascido na Capital do Vestuário e nas equipes de base do Leão do Vale.
Durante a semana a mãe do goleiro, Dona Ilaídes Padilha, emocionou a todos com um vídeo que circulou nas redes sociais, onde durante uma entrevista na Arena Condá, ao repórter Guido Nunes do Canal Sport TV, pergunta como o pessoal da imprensa estava reagindo a tragédia, já que entre as vítimas estavam vários jornalistas esportivos, finalizando com um abraço em Nunes.
Somente na sexta-feira (02) que os corpos de Danilo e das demais vítimas foram liberados e retornaram para o Brasil. Na manhã de sábado (03), os caixões de 50 vítimas foram velados em uma cerimônia coletiva na Arena Condá, com a presença de familiares e torcedores. Durante o dia diversas homenagens foram prestadas as vítimas.
EM CIANORTE – O Centro de Eventos Carlos Yoshito Mori foi preparado para receber o corpo de Danilo, que chegou por volta das 03 horas de domingo (4). Milhares de pessoas esperavam o ídolo para prestar sua última homenagem, recebendo-o sobre aplausos e gritos. O prefeito Bongiorno, a primeira dama Fátima e outras autoridades municipais. “É com profundo pesar que lamentamos todas as mortes deste trágico acidente e, neste momento, prestamos nossas condolências à família do Danilo, ídolo de todo cianortense e que estará para sempre em nossos corações”, destacou o prefeito Bongiorno.
Por todos os lados do Centro de Eventos, faixas e flores prestavam homenagens ao goleiro. Diversos voluntários da Prefeitura, da Igreja Sagrado Coração de Jesus, do Conselho Regional de Psicologia, do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar trabalharam no acolhimento daqueles que se despediram de Danilo, sob muitos aplausos, lágrimas e canções.
Ao longo do dia, moradores de Cianorte e região passaram pelo velório, onde a emoção esteve sempre presente. Durante o velório, a mãe de Danilo, Ilaídes Padilha, disse que não tinha mais lágrimas para chorar, mas que o amor que as pessoas sentem pelo filho dela é um consolo para sua dor. Ela agradeceu o carinho que tem recebido e mais uma vez demonstrou sua grandeza ao falar sobre o sofrimento da cidade de Chapecó. “Nós estamos chorando um ídolo, o meu Danilo. Estamos chorando ele. Lá [em Chapecó], estão chorando todos os ídolos”, disse.
Por volta das 15:30 horas, o caixão saiu do velório e seguiu em cortejo no caminhão do Corpo de Bombeiros pelas ruas de Cianorte, com toda a população acompanhando e aplaudindo o ídolo cianortense, até o sepultamento, acompanhado por uma multidão emocionada.
HOMENAGENS – Diversas foram as homenagens foram feitas a todas as vítimas da tragédia com a equipe da Chapecoense. As redes sociais ficaram mais verdes com a #ForçaChape. A comoção foi mundial com minutos de silêncio durante as partidas realizadas neste final de semana e jogadores e times utilizando o escudo ou entrando em campo com camisa da equipe catarinense.
No Paraná diversas homenagens também foram feitas, algumas em especial ao goleiro Danilo. Algumas delas foram realizadas durante o Hallel em Maringá, neste domingo (4) que reuniu católicos de todo o país. Durante todo o evento, nas missas, módulos e shows, as vítimas da tragédia foram lembradas em momentos de oração, pedindo que Deus confortasse as famílias das vítimas.
E foi durante seu show no Hallel que o cantor cianortense Thiago Brado, que cresceu no mesmo bairro que Danilo, que a emoção tocou mais forte os presentes. O cantor, vestindo a camisa 1 da Chapecoense, exibindo e destacando o gesto do abraço de Dona Ilaídes no Repórter Guido Nunes. “Dona Ilaíde precisando de um abraço, abraçou num dos gestos mais misericordiosos. Seu filho Danilo que usava essa camiseta se foi. Mas estamos aqui. Essa camiseta está na moda agora, mas bem que poderia estar na moda o amor pelas pessoas que a gente ama. Quantos Danilos precisarão ir embora para que a gente a noção de que nós não temos muito tempo, não sabemos quanto tempo temos.”, destacou o cantor e pedindo a todos que abraçassem aqueles que amam e cantando a música “Verdades do tempo.”, emocionando a todos os presentes.
CARREIRA – Marcos Danilo Padilha demonstrava o talento para defesas espetaculares ainda quando criança, jogando com amigos e vizinhos no campo do Completo Esportivo Benedito Rota, na Vila Sete, praticamente em frente a casa de sua família.
Através as escolhinhas de futebol do município, deu os primeiros passos para se tornar profissional, se destacando não só no futebol, mas também no futsal. Em pouco tempo, Danilo passou a integrar a equipe do Cianorte Futebol Clube, inicialmente na reserva, tornando-se o titular da equipe em 2006 até 2011, quando o goleiro passou a defender a equipe do Londrina Futebol Clube.
Desde 2013, Danilo defendia a equipe do Chapecoense, onde ao poucos foi tendo seu talento reconhecido por suas grandes defesas, sendo destaque não só no cenário esportivo nacional, mas também internacional, principalmente após garantir a equipe catarinense na final da Copa Sulamericana 2016. E foi quando seguiam para realizar a primeira partida da final que ele e seus companheiros de equipe acabaram perdendo a vida nesta tragédia que chocou todo o mundo.
Texto: Juliano Secolo com informações da prefeitura de Cianorte
Foto: Luiz Antonio Barbosa
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