A construção civil no Brasil apresenta paradigmas incrustados nos processos de gestão e mais ainda na execução de obras, ou seja, existem “padrões”, “métodos” muito evidentes e muito difíceis de serem alterados dentro desse setor. O sistema construtivo mais tradicional e utilizado é o concreto armado com fechamento em alvenaria, onde são utilizados pilares e vigas armados como principais elementos estruturais, blocos cerâmicos furados (tijolos) unidos entre si ou não por argamassa como fechamento e quando existe regularização da superfície, esta é feita em argamassa. Tudo isso executado por pedreiros; alias o termo alvenaria, vem de “alvener” derivação de pedreiro em árabe.
Esse método construtivo tão difundido no Brasil é erroneamente considerado eficiente e de grande resistência, além de percorrer o caminho rumo à sustentabilidade de marcha ré. Muitos são os inconvenientes relacionados a esse método, listamos alguns dos principais:
* Desperdício de grande quantidade de materiais (madeira em grande parte) utilizados em escoras e fôrmas, que posteriormente é descartado;
*Demora no tempo de execução, pois além de ser um trabalho manual pesado e de grande dificuldade, trata-se de materiais com tempo de manipulação e cura bastante grande;
*Alto impacto ambiental, pois apresenta elevado gasto energético em relação á outros métodos;
*Utilização de matéria prima pouco sustentável como cimento, ferro e blocos cerâmicos e grande geração de entulho devido à quebra de blocos do sistema, onde as paredes são normalmente erguidas e depois rasgadas para receberem a tubulação, inclusive, esta é sua principal desvantagem econômica e ambiental, calculada em cerca de 20 a 30% de prejuízo em mão de obra e materiais.
Estes impactos negativos gerados pelo setor da construção civil, respondem ainda por quase metade do consumo de energia gerada no mundo, além de ser responsável por 1/4 do consumo global de madeira. É natural que a sustentabilidade adquira, gradualmente, uma posição de cada vez mais importância neste contexto e a mudança de postura e quebra de paradigmas aconteçam sem mais adiamento.
O conceito de Construção Sustentável baseia-se no desenvolvimento de padrões que permitam à construção civil enfrentar e indicar soluções aos principais problemas ambientais sofridos pela nossa geração, sem renunciar à moderna tecnologia e a concepção de edificações que atendam as necessidades de seus usuários. Neste cenário podemos ressaltar alguns pontos importantes a serem ponderados:
- Empregar materiais de construção de pequeno impacto ambiental, que economizam recursos naturais e são mais duráveis.
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Fazer gestão de resíduos envolvendo todas as etapas da obra, visando facilitar o sistema reciclagem.
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Utilizar telhados verdes quando possível, além de facilitar a drenagem da água da chuva, favorece o isolamento acústico e térmico.
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Usar energia renovável. Algumas soluções disponíveis no mercado são: coletores solares térmicos, painéis fotovoltaicos, mini turbinas eólicas e cisternas de aquecimento a biomassa.
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Planejar vãos que sirvam como elemento de iluminação natural, assim será possível minimizar o uso da iluminação artificial, e quando esta for imprescindível, preferir por lâmpadas de baixo consumo.
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Um isolamento térmico apropriado evitará perdas de calor no inverno e ganhos de calor no verão evitando o uso de aparelhos elétricos condicionadores de ar a fim de contrabalançear a temperatura.
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As Cores auxiliam na economia: as mais escuras absorvem muito da insolação, enquanto que as cores claras, principalmente o branco, absorvem somente uma pequena parte. Isso pode gerar uma grande economia no consumo de energia elétrica para refrigerar o ambiente.
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Uma edificação com ventilação apropriada irá impedir que a umidade do ar atrapalhe o conforto dos usuários e ainda descarta a necessidade de manutenção e reformas futuras.
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Utilizar com prudência e de maneira inteligente todas as formas de água, buscando ainda o reaproveitamento quando possível.
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Reduzir o uso de materiais de construção, e entre os disponibilizados pelo mercado, optar pelos que tenham certificação ambiental.
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Quando construir, buscar elevar ao máximo a durabilidade da edificação, a fim de reduzir o volume de entulho gerado e o uso dos materiais empregados.
Desta forma, fica claro que essas novas práticas de idealizar, projetar e construir, é cada dia mais exigido pela população. Não é por mera coincidência que novas tecnologias apontam espontaneamente nessa direção sustentável, e é essa a nossa oportunidade de acolher, aperfeiçoar e difundir estes novos conceitos.
Fiquem ligados porque na próxima semana iremos vamos falar sobre os principais tipos de contrato para execução de obras.
Até lá.
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