Crescente preferência dos consumidores pelo comércio eletrônico vem gerando mudanças no mercado varejista
Comprar pela internet não é nenhuma novidade. A plataforma Mercado Livre, por exemplo, existe desde 1999. Considerado o maior site de comércio eletrônico do Brasil, o Mercado Livre atua em 18 países e também é o maior marketplace da América Latina. O CEO da companhia, Marcos Galperin, ressalta que nesses 23 anos de atuação, a empresa vivenciou o crescimento do e-commerce, que agora atinge uma quantidade muito superior de compradores e vendedores. “No Mercado Livre buscamos democratizar o comércio eletrônico na América Latina, permitindo que milhões de pessoas, de qualquer lugar em seus países, possam adquirir produtos a preços justos e que todos os vendedores contem com uma plataforma de comercialização digital efetiva para realizar negócios”, explica Galperin.
Tendência de migração
Com estratégias arrojadas de operação e vendas, o varejo eletrônico tem conseguido atrair até mesmo grupos de consumidores que antes só compravam em lojas físicas, como a aposentada Tânia Penha. Ela conta que antes tinha muita resistência ao e-commerce, mas que agora prefere fazer compras on-line. “Tinha medo de cair em algum golpe e o produto não chegar ou vir estragado, mas desde a pandemia de covid me adaptei a esse formato de compras e agora uso com frequência. Só vejo vantagens, principalmente porque as entregas estão muito rápidas e as empresas estão tratando os consumidores com respeito”, detalha a consumidora.
Essa tendência de mudança nos hábitos de consumo vem sendo confirmada por diversas pesquisas. Um relatório da Periscope by McKinsey detectou que 73% dos consumidores planejavam aumentar suas compras on-line mesmo após o fim das restrições da pandemia. Já a “Forrester Analytics: Online Retail Forecast, 2019 to 2024 (US)”, pesquisa de projeção sobre as vendas do varejo on-line nos Estados Unidos, apontou que, entre 2019 e 2024, as vendas do segmento cresceriam em uma taxa anual de 18,5%. Nesta mesma direção, a Salesforce, no estudo “Shopper-First Retailing: What Shoppers Are Looking for in 2020”, aferiu que, para 58% dos consumidores, comprar pela internet é mais conveniente do que em lojas físicas.
Tradição e adaptação
Percebendo as novas dinâmicas do mercado varejista, cada vez mais empresas físicas estão reconhecendo a importância de manter uma presença digital. Com a pandemia de covid-19, muitos comércios locais, que atuavam apenas com lojas físicas, foram forçados a iniciar no mundo virtual. Por outro lado, há empresas que estavam atentas a essa tendência há mais tempo e já haviam iniciado esse processo de migração há mais tempo. É o caso das Lojas Dassi, um e-commerce de origem familiar, que migrou completamente para as vendas on-line.
O diretor das Lojas Dassi, Alan Michel Petry, já é a terceira geração à frente do negócio da família, que está no ramo varejista desde 1958. Ele relata que ao longo dos anos a empresa Empório Palotina foi se adaptando ao digital e que recentemente o grupo sentiu necessidade de uma mudança ainda mais profunda. “O Empório Palotina existe há mais de 60 anos no interior do Paraná. A operação do e-commerce surgiu dentro dessa loja física, mas com o crescimento do negócio, optamos por fazer o desmembramento. Agora são empresas separadas. As Lojas Dassi vendem exclusivamente on-line para todo o Brasil, sempre carregando no nosso DNA os valores que herdamos do Empório Palotina: compromisso com o cliente e excelência em cada etapa do atendimento”, explica Alan.
O diretor detalha que até mesmo o catálogo de produtos mudou, visando atender as necessidades específicas do público que busca por produtos na internet. “Nosso segmento atual engloba itens para cozinha, utilidades domésticas, ferramentas, ferragens e acessórios para camping e jardim. Vendemos no nosso site próprio e também em canais parceiros, como Amazon, Magazine Luiza, Camicado e Olist. Também temos orgulho de anunciar que recentemente nos tornamos uma loja oficial do Mercado Livre”, destaca o diretor.
Ser uma loja oficial do Mercado Livre é considerado um mérito importante dentro do segmento, já que apenas uma pequena parcela dos vendedores da plataforma alcançam esse status. “As lojas oficiais são empresas que o Mercado Livre convida para ter um espaço especial no site deles. Geralmente são as maiores lojas, as mais representativas, de marcas importantes. Pode ser considerado uma lista das principais lojas confiáveis que vendem lá dentro”, define Alan.
Perspectiva do consumidor
Com o avanço contínuo da tecnologia, a migração para o e-commerce é uma das vertentes já consolidadas da economia global do futuro. Nesse cenário, a lista de vantagens para os consumidores também ajuda a explicar o crescimento desse setor.
- Comodidade e Facilidade de Compra: Os consumidores apreciam a conveniência de fazer compras on-line a qualquer hora, de qualquer lugar, sem a necessidade de deslocamentos físicos.
- Variedade e Disponibilidade de Produtos: O e-commerce oferece uma ampla variedade de produtos e serviços, muitas vezes difíceis de encontrar em lojas físicas locais, garantindo mais opções para a clientela.
- Comparação de Preços e Avaliações: É mais fácil comparar preços entre diferentes lojas on-line, além de acessar avaliações de outros compradores, tornando suas decisões de compra mais conscientes.
- Entrega Rápida e Eficiente: Os avanços na logística têm permitido entregas mais rápidas e eficientes, garantindo que os consumidores recebam seus produtos em tempo hábil.
Operação e estrutura
Migrar para o digital exige das empresas uma série de investimentos e reorganização estratégica, mas também traz benefícios inerentes ao formato.
Um desses aspectos é que o e-commerce oferece uma gama de ferramentas para coletar e analisar dados sobre o comportamento do consumidor, por exemplo suas preferências e tendências de compra. Com essas informações valiosas, as empresas podem entender melhor seus clientes, permitindo uma personalização mais eficiente das ofertas e um atendimento mais direcionado.
O supervisor de e-commerce das Lojas Dassi, Carlos Eduardo Bueno Weber, trabalha para o grupo desde 2015. Para ele, o aprimoramento da estrutura e da logística de vendas foram pontos essenciais para o sucesso do projeto de transição da empresa. “A estrutura atual hoje nem se compara ao que era antigamente. Antes eu precisava faturar os pedidos manualmente. Então, ocupava uma manhã inteira para gerar 15 pedidos. Hoje, o pedido já importa automaticamente no sistema e leva menos de trinta segundos após o cliente comprar”, exemplifica o supervisor.
