Antes de ir embora, tu poderias ter-me dado adeus,
mesmo no silêncio das noites calmas
que não sugerem partidas…
Eu ouviria!
Mas antes de ir embora, tu não o fez.
Antes de ir embora tu poderias
ter-me dado o último beijo, mas não o deu,
sequer sabendo que não teria volta.
Antes de fechar a porta de vez
que soou “para sempre”
tu poderias espiar pela janela para ouvir meu pranto.
Mas não o fez!
Já perdeu-se a tua sombra,
esfumada no breu da lembrança.
Fiquei só,
sentindo a solidão das montanhas
e a alma seca como um deserto.
Decerto não fostes em definitivo.
Talvez a porta do teu desencanto ainda se feche
E uma réstia de luz dourada, ainda em chama, te acolha.
O coração é pedra sinuosa, terra que ninguém pisa.
Se tu voltares,
eu apago as luzes
e na penumbra do acolhimento
te entrego minh’alma!

Izaura Varella
Em 11 de novembro de 2018.